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Lula promete concluir eclusas de Tucuruí até 2006

O Liberal-Belém-PA
27 de Fev de 2004

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem à noite ao governador Simão Jatene que as eclusas de Tucuruí, necessárias para devolver navegabilidade ao rio Tocantins, serão concluídas e inauguradas até o final de 2006. "Governador, compromisso de presidente: nós vamos inaugurar as eclusas ainda nos nossos mandatos", afirmou Lula a Jatene, na Base Aérea de Belém, diante da comitiva presidencial, momentos antes da solenidade de transmissão do cargo de presidente da República ao deputado João Paulo Cunha (PT-SP) e do embarque para a Venezuela.

O anúncio do presidente foi seguido de uma ordem dada ao ministro da Casa Civil, José Dirceu, para que marcasse para a próxima quinta-feira uma audiência no Palácio do Planalto, na qual Lula discutirá com o governador a viabilidade financeira para a conclusão da obra. Desde o início do ano passado, Jatene vem tentando convencer o governo federal a participar com 50% do investimento, estimado em R$ 360 milhões.

De acordo com a engenharia financeira montada pelo governador e defendida várias vezes junto ao Ministério dos Transportes em 2003, o Estado concorda em bancar R$ 180 milhões com os royalties da exploração de energia elétrica, pela Eletronorte, em território paraense. Além das eclusas, Jatene quer tratar com o presidente sobre outros projetos estratégicos ao desenvolvimento do Estado, como as rodovias BR-163 (Santarém-Cuiabá) e BR-260 (Transamazônica), que dependem de investimentos federais.

Horas antes, a mesma promessa de inauguração das eclusas de Tucuruí levou milhares de pessoas ao delírio, no bairro do Guamá, durante a inauguração da primeira etapa da macrodrenagem da bacia do Tucunduba - obra que beneficiou 85 mil pessoas e, ao final dela, trará melhorias a outras 115 mil, totalizando 200 mil beneficiados.

A chegada de Lula estava prevista, inicialmente, para as 12h30. Há dois dias, a assessoria da Prefeitura de Belém informou que o avião do presidente só chegaria às 14h40 na capital paraense. Mas, devido ao mau tempo, Lula e sua comitiva aterrisaram em Belém às 16 horas. Ao desembarcar, Lula foi visitar as obras e só chegou ao palanque às 18 horas. Mas apesar das quatro horas de espera, ninguém reclamou.

O prefeito Edmilson Rodrigues foi o primeiro a se pronunciar. Devido aos compromissos internacionais do presidente, Edmilson fez um discurso breve e agradeceu à população beneficiada com as obras do Tucunduba pelo empenho e pelas decisões tomadas. O prefeito disse ainda que tudo que foi entregue já havia sido debatido no Congresso da Cidade. Na obra inaugurada ontem, a população dos bairros do Guamá, Marco e Terra Firme ganhou 1,3 mil metros de drenagem da bacia do Tucunduba, 20 ruas asfaltadas e dois pequenos portos para embarque e desembarque de passageiros e cargas.

Segundo o prefeito, muitos esforços serão feitos para entregar o restante das obras ainda este ano, ou pelo menos mais uma parte. Entretanto, Edmilson Rodrigues esclareceu que serão necessários outros R$ 15 milhões para a finalização da macrodrenagem na bacia do Tucunduba, a segunda maior de Belém.

"O governo do povo está trabalhando arduamente para mudar esta realidade. Queremos trazer cidadania para a população e a macrodrenagem também significa isso, porque muitos problemas de saúde e questões sanitárias serão resolvidos com esta obra", destacou o prefeito.

Depois do discurso do prefeito, foi a vez do presidente. Luiz Inácio Lula da Silva prometeu empenho na segunda etapa da macrodrenagem do Tucunduba, principalmente porque o presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Matoso, também estava no palanque. O presidente disse ainda que se sentia muito feliz ao visitar Belém mais uma vez e agradeceu pela paciência das pessoas por esperar pela obra.

O presidente anunciou que mais de um milhão de pessoas que antes estavam excluídas do sistema financeiro conseguiram abrir contas na CEF. Ele também destacou o trabalho feito pelo Banco do Povo em Belém e garantiu que as políticas do microcrédito, do bolsa-escola e bolsa-família serão fortalecidas. O presidente prometeu empenho nas questões de habitação, na construção de 6,5 milhões de imóveis para acabar com déficit na habitação.

Vereadores comemoram inauguração

O líder do governo na Câmara Municipal de Belém, vereador Paulo Fonteles (PCdoB), saudou ontem, da tribuna, a inauguração da primeira etapa do Projeto de Macrodrenagem e Urbanização da Bacia do Tucunduba, em Belém. Fonteles formulou e obteve aprovação plenária para um requerimento, no qual pede manifestação oficial do Poder, em saudação pela conclusão da primeira etapa das obras. Segundo o líder do governo municipal, o projeto "é um dos mais importantes empreendimentos do governo popular de Belém".

"Instalado a partir de 1o de janeiro de 1997, tal projeto incide significativamente sobre a qualidade de vida de 200 mil pessoas que habitam a área", disse. Fonteles afirmou ainda que "a formulação e execução do projeto conta com a ativa participação da comunidade beneficiada e se constitui em uma mega-obra de engenharia, que combina saneamento básico, habitação, urbanização, educação, lazer, equilíbrio ambiental, geração de emprego e renda, organização e participação social".

Tal projeto, segundo Fonteles, foi classificado entre as dez melhores práticas de gestão municipal do Brasil, num ranking elaborado pelo programa "Caixa - Melhores Práticas", da Caixa Economica Federal (CEF), uma das financiadoras do projeto. Além disso, destacou o vereador, o projeto da Bacia do Tucunduba foi incluído pelo Best Practices and Local Leadership Programme entre as 100 melhores práticas de gestão urbana do mundo.

O líder do PP, vereador Sahid Xerfan, em aparte ao pronunciamento de Fonteles, afirmou que "a presença do presidente Lula na inauguração das obras dá maior visibilidade ao projeto e aquece a possibilidade de captação de recursos financeiros para novos projetos e para a conclusão das obras da bacia do Tucunduba". Xerfan lembrou que a primeira etapa do projeto, ontem inaugurada pelo presidente da República, consumiu recursos da ordem de R$ 10 milhões, dos quais a Prefeitura de Belém respondeu pela contrapartida de R$ 2,5 milhões.

O restante, disse o vereador, foi financiado pela Caixa, com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O líder do PP destacou ainda que as obras do Tucunduba vão beneficiar quatro bairros de Belém (Guamá, Canudos, Terra Firme e parte do Marco) e têm, no total, uma extensão de 3,5 quilômetros. Nesta primeira etapa, "a mais simples do projeto", foram beneficiados 1,3 quilômetros do local, faltando fazer ainda, obras em 1,3 quilômetros, que apresentam os maiores graus de dificuldade da bacia.

Manifestaram-se ainda os vereadores Alfredo Costa, líder do PT; Gervásio Morgado, líder do PL; e Orlando Reis (PV), que questionou o líder do PT pela comparação entre as obras de macrodrenagem das bacias do Una e do Tucunduba. O vereador Carlos Pina (PSB), depois de afirmar que "a obra é bela e que resgata a cidadania do povo do Guamá", criticou os vereadores que aproveitando-se da obras do Tucunduba fazem política no bairro, sem sequer conhecer as ruas do Guamá.

Político veterano do bairro do Guamá, Carlos Pina criticou a manipulação eleitoral das obras: "O bairro (Guamá) está cheio de faixas de vereadores que sequer conhecem suas ruas, vielas e passgens."

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