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Lula culpa madeireiros por morte de missionaria

OESP, Nacional, p.A4
23 de Fev de 2005

Lula culpa madeireiros por morte de missionária
Segundo ele, há empresários revoltados com sua política para a Amazônia

SIDROLÂNDIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou ontem os empresários do setor madeireiro pelo assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang e pela onda de violência no Pará. "A morte dos sindicalistas e da freira no Estado do Pará não é por acaso. É uma atitude pensada de alguns empresários do setor madeireiro que estão revoltados com a política que estamos fazendo, não apenas no Pará, mas em toda a Amazônia", disse ele durante visita ao assentamento Geraldo Garcia, em Sidrolândia, a 90 quilômetros de Campo Grande (MS).
Falando de improviso para cerca de 2 mil pessoas, a maioria vinda de outros assentamentos de municípios vizinhos, Lula mandou um recado aos empresários do setor: "Os madeireiros podem saber que a morte da freira, ao invés de colocar o governo recuado, vai colocar o governo mais ativo. A impunidade acabou." O presidente afirmou que as investigações continuam no Pará e assegurou que a polícia chegará ao mandante do assassinato da religiosa, ocorrido no dia 12, em Anapu. "Vamos acabar com essa história de empresários, alguns empresários na verdade, comprarem glebas de terras de milhares de hectares em algumas regiões mais distantes do nosso País, contratar jagunço e mandar matar quem está lá organizado, como estavam os trabalhadores rurais", disse.

O presidente foi a Sidrolândia para inaugurar uma rede de eletrificação em assentamentos rurais. Com ele estavam o governador do Mato Grosso do Sul, José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, e os ministros dos ministros Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Dilma Rouseff (Minas e Energia).

Em sua fala, Lula afirmou que as pessoas "têm o direito de comprar terra, mas têm a obrigação de respeitar os que estão trabalhando há muito tempo." O governo "assumiu as dores" daqueles que querem fazer justiça social, prosseguiu, acrescentando: "Se eles (madeireiros) acharam que com isso (a onda de violência) iam parar o movimento, podem ficar certos de que o governo assumiu as dores daqueles que querem fazer justiça social no País e vamos fazer com que a terra se transforme num bem de todos."

Lula afirmou que o Exército ficará no Pará "até a solução dos problemas". E lembrou que naquele Estado há milhões de hectares de terra nas mãos de pessoas que não conhecem a região, nunca foram lá, mas se acham donas das terras. "Vamos aproveitar essa desgraça que eles fizeram para que moralizar a questão fundiária no Pará e no Brasil", assegurou.

ACABAR COM A GRILAGEM

O presidente destacou que a tarefa do governo, agora, é legalizar a posse das terras e acabar com a grilagem. "Quem tiver terra grilada, o governo vai tomar conta da terra porque o Brasil não é terra de ninguém. Esse país tem governo, tem lei. A lei vale para o presidente e vale para o pistoleiro", garantiu. Ele antecipou, ainda, que o governo federal vai certificar as florestas e que os que quiserem cortar madeira terão de pedir autorização à União. "Se é preciso o governo dar autorização e concessão para a Petrobrás pegar gás e petróleo embaixo da terra, se é preciso dar autorização para a utilização da água do nosso subsolo, se é preciso dar autorização para a garimpagem, nós agora estamos também dizendo que o Estado vai certificar as nossas florestas", afirmou.

O presidente insistiu na necessidade de critério para a extração de madeira. "Uma árvore de 400 anos não é propriedade de uma pessoa. É um patrimônio da humanidade, da sociedade brasileira. Se a pessoa quiser cortar, que floreste. Ele (madeireiro) pode plantar l milhão de árvores, fazer um programa de reflorestamento", disse. "Agora, cortar a floresta da forma que vinham cortando, não vão continuar."

OESP, 23/02/2005, Nacional, p.A4

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