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Lula anuncia novo parque e velha estrada na floresta

FSP, Ciência, p. A12
06 de Jun de 2006

Lula anuncia novo parque e velha estrada na floresta
Governo dá sinal verde a asfaltamento da BR-163 e cria 4o maior parque do país
Parque Nacional do Juruena, entre MT e AM, servirá como `tampão' contra grilagem e expansão da fronteira agropecuária na Amazônia

Da redação

O governo federal anunciou ontem a criação do quarto maior parque nacional do Brasil, entre Mato Grosso e Amazonas. Resultado de cinco anos de negociação, o Parque Nacional do Juruena deve dificultar o avanço da grilagem, que move a fronteira agrícola cada vez mais para o norte da região.
O decreto de criação do parque foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa solenidade em Brasília com a presença de oito ministros, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente.
Ele integra um pacote de medidas ambientais que incluem um aparente paradoxo: a licença de asfaltamento da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém), um projeto polêmico que já foi considerado a porta para a devastação das últimas florestas intactas do Pará e que acabou resultando em um dos maiores mosaicos de unidades de conservação do mundo.
Com o parque do Juruena, o território amazônico chega a 48,3 milhões de hectares de áreas protegidas (excluindo aí as terras indígenas), quase 10% de sua extensão.
"Nós fechamos a fronteira sul da Amazônia", comemorou o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, em referência às florestas densas do Pará e do Amazonas que ainda estão protegidas da expansão do chamado arco do desmatamento -a verdadeira fronteira sul da Amazônia, formada pelas florestas de Rondônia e de Mato Grosso, continua tombando a taxas vertiginosas.
O novo parque é o tijolo final de um "muro" de unidades de conservação e terras indígenas que começa no Parque Indígena do Xingu e acompanha a divisa MT-PA-AM até Rondônia (veja mapa acima). Na prática, ele estabelece uma ponte entre o mosaico de unidades de conservação do Apuí (AM), terras indígenas e as recém-criadas reservas ao longo BR-163.
"Obviamente é importante tornar a terra ali mais escassa", diz Paulo Barreto, pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia). O efeito primário da criação do parque será fazer cair o preço da terra, desestimulando a grilagem.
O anúncio do asfaltamento da BR-163, que será iniciado ainda neste ano pelo Exército, foi feito juntamente com um plano de desenvolvimento sustentável da zona de influência da rodovia. Este inclui a implementação de um distrito florestal numa área de 6 milhões de hectares, piloto das concessões de florestas públicas para exploração madeireira segundo a lei de gestão de florestas sancionada neste ano. O distrito já tem R$ 70 milhões empenhados para sua implementação, e a idéia do governo é ter as primeiras concessões aprovadas ainda em 2006.
"A pavimentação da BR-163 é uma demanda de 30 anos", disse Lula. "A nós cabe, agora, atendê-la, mas com todo o cuidado e a prevenção necessários para que nossas riquezas ambientais sejam preservadas."

FSP, 06/06/2006, Ciência, p. A12

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