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Los indígenas arara intentan recuperar la dieta tradicional que fulminaron el hombre blanco y una hidroeléctrica

El País - https://elpais.com/america-futura/2023-10-31/
Autor: Naiara Galarraga Gortázar
31 de Out de 2023

Los indígenas arara intentan recuperar la dieta tradicional que fulminaron el hombre blanco y una hidroeléctrica
Hipertensão e diabetes atingiram suas aldeias na Amazônia brasileira com alimentos processados. Um menu escolar procura combatê-los

Naiara Galarraga Gortázar
São Paulo - 31 Out 2023 - 01:30 BRT

Crianças em idade escolar nas aldeias Arara, um grupo étnico indígena na Amazônia brasileira, têm um novo cardápio escolar que se parece muito mais com o que seus avós comingiam do que os alimentos processados com os quais seus pais cresceram. O almoço dado a eles pela escola resgatou, da mão de uma ONG, o conhecimento de seus idosos já esquecidos de recuperar pratos tradicionais e tentar reverter os estragos causados pelo desembarque de sal, açúcar e refeições processadas nessa tribo que vive nas margens do rio Xingú, no estado do Pará. Essas mulheres indígenas abandonaram sua caça milenar e dieta vegetal, especialmente na última década, da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Com essa mudança, doenças nunca vistas como hipertensão ou diabetes também atingiram o canto da floresta amazônica.
Os arara são um povo conhecido por sua belicidade - eles costumavam fazer colares com os dentes de seus inimigos e por sua facilidade de interagir com o mundo exterior, de acordo com o banco de dados detalhado sobre os povos indígenas do Brasil do Instituto Socioambiental, a ONG que agora os ajuda a recuperar sua dieta original. Eles foram extintos na década de 1940, mas eles ainda estavam lá, mesmo que eles não se deixassem ser vistos. Os anos oitenta estavam correndo quando a estrada Trans Amazona cruzou seu território. Ele divadi seu universo e trouxe os primeiros contatos com os brancos. Bem entrados nos anos 2000 receberam mais dinheiro do que jamais imaginaram em troca da nova usina hidrelétrica localizada na cidade de Vitória do Xingú.
Pela primeira vez, os biscoitos recheados, a massa, a massa e o açúcar apareceram nas aldeias desta tribo recém-contatada... o impacto foi brutal. Sua dieta mudou radicalmente. E em pouco tempo, os danos à saúde eram evidentes. Na última década, os médicos que consultam os 400 indígenas Arara diagnosticaram 45 casos de hipertensão e diabetes, que nunca foram vistos lá. Conhecemos esses dados porque a mídia digital Infoamazonia passou pela lei brasileira de transparência.
Leonardo de Moura, assessor técnico do Instituto Sociambiental neste projeto, ressalta que o plano nacional da cardápio escolar é uma ferramenta crucial para combater a fome e melhorar a nutrição no Brasil, mas ressalta que é uma política inadequada para os povos indígenas, tal como é projetada. Era uma das principais portas de entrada para as aldeias de alimentos industrializados porque a comida escolar atinge o último canto dos territórios indígenas, mesmo os mais remotos, mas para chegar lá sem arruinar, geralmente não carrega nada perecível, sem frutas, nada verde, nem fresco.

Como o menu da escola tornou-se uma das entradas para alimentos processados, essa é a frente em que eles agora querem reverter a tendência. Por alguns meses, o menino comeu na escola novos pratos, que são realmente os de toda a vida, como w.t tytynondem (peixe assado cozido embrulhado em folha de bananeira), karak-kuréum (folhas de uma planta de proteína chamada folhas de elefante que devem ser cuidadosamente identificadas porque outro semelhante é venenoso), e onatji magarapa (milho caseiro (milho caseiro). São alimentos que seus avós já consumiam, mas caíram em desuso diante da atratividade de alimentos de sabores desconhecidos ou embalados em invólucros impressionantes.
O caso do arara ilustra a extensão do dano colateral de uma usina hidrelétrica que gera 9% da eletricidade que o Brasil consome. Belo Monte, um projeto que levou Marina Silva a renunciar em 2008 como Ministra do Meio Ambiente, cargo a que ela voltou, foi - e continua muito controversa.
Leonardo de Moura explica por telefone do entorno de Altamira (Pará) que as crianças do arara, uma aldeia que já aproveitou os frutos de oito tipos de palmeiras porque tiveram tempo para se instalar e cultivar seus pomares, não conhecem mais muitas das palmeiras de seu ambiente e seus múltiplos usos ou grande parte dos frutos silvestres diários para a geração de seus avós.
O mecanismo para transformar a dieta escolar foi o seguinte: primeiro, eles contrataram jovens para perguntar a seus mais de 50 e 60 anos - cultivados sem contato com pessoas brancas - como eles se alimentavam na época. Suas respostas foram a base sobre a qual o novo menu foi desenvolvido. Eles são um conhecimento tradicional que poderia estar sendo catalogado agora, diz De Moura. E lamenta que, quando falamos de bioeconomia, fale-se de mapeamento de genes, enquanto todos os dias o conhecimento milenar desaparece, cada vez que um ancião indígena morre. Diante deles, a selva era sua escola, a importância da educação é inegável, a questão é como adaptá-la para que também contribua para o fortalecimento de sua cultura. Moura acrescenta que, graças a este projeto, as crianças arara redescobriram frutos silvestres, palmeiras e como construir armadilhas para pescar.
A ideia é que este é um projeto piloto de replicação em outras aldeias. Deixe as autoridades, em vez de transportar da cidade os produtos do cardápio das escolas, comprarem a matéria-prima dos povos indígenas e que façam as refeições. Isso criaria um círculo virtuoso com uma alimentação mais saudável, renda para os nativos e a preservação do conhecimento tradicional que desaparecem imparavelmente.

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