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lmo. Sr. Dr. Adailton Nascimento

CIMI e CEDEFES
29 de Jul de 2002

Procurador da República Belo Horizonte/MG
Contagem, 29 de Julho de 2002

Senhor Procurador da República,

O Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – CEDEFES – e Conselho Indigenista Missionário – CIMI - vêm por meio deste comunicar o assassinato do sindicalista Sr. Ivo de Castro Machado. Ivo representava o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pompéu, tinha 59 anos e foi assassinado no último dia 27, por volta das 21h00, próximo à sua casa, no assentamento rural 26 de Outubro.
O STR Pompéu, na figura de Ivo Machado, apoiou de forma preponderante a luta do povo indígena Caxixó pela permanência em suas terras quando do conflito nas áreas denominadas Fundinho e Pindaíba, na década de 1980. Foi o STR que reuniu com a comunidade e acionou Comissão Pastoral da Terra (CPT) e CEDEFES para a situação vivida por aquele povo, que somente em 1986, sob ameaça concreta de dissolução de sua base territorial, externou sua identidade indígena.
Ivo simbolizava para os Caxixó o importante apoio local destinado à sua luta. Identificado como homem de coragem, ele possibilitou ao grupo o contato com outras instituições e acesso a discussão de terra na região.
Segundo informações da Fetaemg (Federação dos Trabalhadores Rurais de Minas Gerais), o sindicalista foi morto na presença de sua esposa, grávida de 07 meses e de seu filho de 12 anos. O suspeito pelo assassinato foi identificado como sendo o assentado Sr. Ildeu, de 72 anos, que não possui antecedentes criminais. Segundo dados do jornal Estado de Minas, de 29/07/02, p. 08, o suspeito, que era vizinho de Ivo, teria se desentendido com o sindicalista porque este teria atropelado algumas de suas galinhas. Segundo o candidato ao governo do estado, Nilmário Miranda, o motivo apontado para o crime é tão fútil que gera suspeitas.
Queremos que o secretário Márcio Domingues verifique se este é o motivo real do
assassinato.
No dia 06 de junho do corrente ano, o CEDEFES esteve juntamente com representantes Caxixó na Procuradoria da República a fim de relatar a tensão vivida pela comunidade na região. Os Caxixó frisaram o medo de uma reação violenta dos fazendeiros em função do recente reconhecimento étnico oficial e do histórico processo de ameaças e atentados vividos por eles.
O assassinato de Ivo de Castro Machado, aliado dos Caxixó, chocou a comunidade indígena, que acredita que este crime está vinculado ao envolvimento de Ivo na luta pela terra na região.

Apesar deste crime constituir-se como aparentemente um fato isolado, ele apresentou fortes epercussões na comunidade. Segundo os Caxixó, fazendeiros da região estão reunindo-se com freqüência nos últimos meses, o que tem gerado insegurança e especulações acerca da eminente reação de fazendeiros contra a comunidade.
O CEDEFES e o CIMI, preocupados com a segurança da comunidade, solicitam o apoio da Procuradoria da República em Minas Gerais para agilizar o processo de identificação e demarcação da Terra Indígena Caxixó

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