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Livro Social

Panorama Editorial nº 36 nov 2007, p. 28-30
30 de Nov de 2007

Livro Social
Selo criado pela Imprensa Oficial em 2004 publica, em parceria com organizações não-governamentais, livros de interesse público. No catálogo, 25 títulos, diversas reedições e um Prêmio Jabuti

Transformar em livro o trabalho das organizações não-governamentais, ampliando, assim, o acesso dos gestores a informações e projetos de interesse público. Este é o principal objetivo do selo Imprensa Social, lançado em abril de 2004 durante a 18ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (Imesp). Inédita no Brasil, a iniciativa já viabilizou a publicação de 25 títulos, todos nas áreas da educação, da saúde, do meio ambiente, de comportamento e de direitos das minorias. "Não há no País, hoje, qualquer outra casa editorial com este perfil", assegura o diretor-presidente da Imesp, o professor Hubert Alquéres.
Criado um ano depois que a própria Imprensa Oficial ganhou status de editora, o selo é uma das ações de caráter social da estatal, que vem apresentando performance extremamente positiva nos últimos anos. Para se ter uma idéia, o faturamento projetado para 2007 é de 40 milhões de reais, contra 600 mil em 2003. "A maior parcela deste lucro vai para a Fazenda do Estado, que é a acionista majoritária da empresa, para compor o orçamento público. Mas achamos importantíssimo também destinar uma parte desse recurso para desenvolver ações que contribuam para que o governo implante as políticas públicas que beneficiam o conjunto da população. E é exatamente aí que entra essa linha de publicações", diz Alquéres.
Ao mesmo tempo, avalia o presidente, o Imprensa Social contempla uma demanda não atendida pelas editoras comerciais. "Nem a editora nem o selo da Imesp concorrem com o mercado editorial. Não visamos o best-seller, o título potencialmente lucrativo; para isso há outras empresas do setor, que desenvolvem um trabalho muito competente, diversificado. A importância e o valor da Imprensa Oficial estão em complementar os catálogos comerciais", acentua o presidente, ressaltando que a lucratividade da empresa vem da gráfica, inclusive imprimindo livros para outros editores. "Nosso foco como editora são os títulos de interesse público e que, não fosse essa disposição da Imesp em publicá-los, jamais chegariam às mãos de outro tipo de leitor."
A parceria
A escolha das ONGs como parceiras do selo Imprensa Social, explica o professor Hubert, deve-se ao fato de que essas instituições têm, hoje, um papel de extrema relevância no Estado brasileiro. Para ele, o maior mérito das entidades do terceiro setor é desenvolver trabalhos e ações na área de políticas públicas, invariavelmente apresentando resultados muito positivos para problemas que o poder público ainda não consegue resolver. "Contudo, como atuam por meio de projetos-pilotos de pequeno alcance, acabam limitadas em termos de abrangência. Então, quando essas instituições divulgam em livro a sua experiência, cria-se uma oportunidade real para que Estados e municípios repliquem o modelo e, assim, ajudem os governos a estabelecer políticas públicas de atendimento às demandas da população", aponta o presidente da Imesp.
E por que uma ONG e não um pesquisador independente? "Porque o vínculo é mais formal. Se algum município resolve implementar determinada proposta, é bom que se tenha uma relação institucional. Além disso, as organizações desta natureza são auditadas pelo Ministério Público, por comissões, comitês. Enfim, há mais transparência."
As obras do selo são publicadas em modelo de co-edição, e a escolha dos títulos é feita por um conselho editorial, integrado por representantes da estatal e 11 ONGs (5 Elementos - Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental; Ação Educativa; Agência de Notícias dos Direitos da Infância - ANI; Ashoka - Empreendedores Sociais; Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária - Cedac; Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária - Cenpec; Conectas - Direitos Humanos; Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente; Instituto Kuanza; Instituto Socioambiental - ISA; e Midiativa - Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Adolescentes.
Além de ser ligado a uma ONG, o projeto não pode ter sido publicado anteriormente nem apresentar referências político-partidárias. Relatórios de pesquisa, teses acadêmicas ou manuais, cartilhas e obras similares serão automaticamente descartados pelo conselho editorial, avisa o presidente.
Boa performance
Segundo o professor Hubert, à Imesp cabe o desenvolvimento do projeto gráfico e a impressão e, à ONG selecionada, a produção do conteúdo. As tiragens de lançamento são pequenas, em torno de 1,5 mil exemplares. "As reedições são feitas quando o livro esgotado continua sendo solicitado", diz o presidente. É o caso de A Escola Sustentável - Eco-Alfabetizando pelo Meio Ambiente, publicado em parceria com o Ecocentro Ipec - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, uma ONG estabelecida em Pirenópolis, Goiás. "Em função da grande demanda, estamos lançando agora a sua segunda edição", aponta, acrescentando que a obra foi, também, a mais vendida pela Imesp na última Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em setembro.
Outros títulos do Imprensa Social têm boa aceitação, como o interessantíssimo Essa Turma Ninguém Passa para Trás, uma cartilha sobre direitos do consumidor voltada para crianças, editada em parceria com as organizações Criança Segura, Fundação Abrinq e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec); e Violência na Escola - Um Guia para Pais e Professores, publicado com a Associação Nacional de Direitos Humanos - Pesquisa e Pós-Graduação (Andhep).
Mas a principal "estrela" do catálogo é A Violência Silenciosa do Incesto. Lançado em 2004, foi escrito pelas psicanalistas Graça Pizá e Gabriella Ferrarese Barbosa, fundadoras da Clínica Psicanalítica de Violência, do Rio de Janeiro. O livro, escrito a partir do trabalho de análise de 853 prontuários de atendimento a crianças entre 2 e 9 anos de idade, para tornar público o drama do incesto sob o ponto de vista delas, ganhou o segundo lugar do Prêmio Jabuti de 2005, na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise. Esgotada, a obra já atingiu a marca de 7 mil exemplares e deve receber nova edição em breve.
As tiragens são divididas entre a Imesp e a ONG. A maior parte dos exemplares que ficam com a estatal é distribuída, prioritariamente, a órgãos públicos paulistas. "Nosso objetivo principal é levar as obras aos serviços que atendem à população; por isso, os primeiros a receber a edição são as secretarias Estadual e municipais de São Paulo. Mas recebemos pedidos do Brasil inteiro", ressalta o professor Hubert. Os títulos também estão à venda ou disponíveis para download gratuito no site www.imesp.com.br.

Panorama Editorial no 36 nov 2007, p. 28-30

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