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Livro divulga a filosofia feita na Amazônia

O Liberal - www.orm.com.br
23 de Ago de 2010

Foi lançado em Belém o livro "Educação na Amazônia", uma coletânea de textos de um grupo de educadores e pesquisadores dos estados do Amapá e Pará, resultado de anos de pesquisas em cursos de mestrado e doutorado. Os artigos tratam sobre sete temas relacionados à construção e aos fundamentos de uma filosofia da educação, desenvolvidas a partir da vida e de elementos típicos da região amazônica. O trabalho foi organizado pelo professor de Filosofia Gerson Nei Lemos Schulz, mestre em Ciências da Educação, gaúcho que trabalha em Macapá (AP). O professor percebeu ser muito rara a literatura sobre educação da região Norte. O objetivo é que o livro seja usado do ensino básico ao superior.

O professor Gerson Schultz diz que inexiste pensamento filosófico a partir de uma filosofia construída no Brasil, porque, segundo ele, os pensadores brasileiros se baseiam na filosofia européia ou norte-americana e o País é inexpressivo dentro do pensamento filosófico latino-americano. A partir dessa condição, ele investiu em pesquisa e escreveu artigo sobre a contribuição das tribos indígenas do Amapá e do Norte do Brasil para a educação e a qualidade de vida.

De acordo com ele, a tradição diz que os índios viver em função do mito, que é irracional. Mas na pós-modernidade, o antropólogo e filósofo francês Claude Lévi-Strauss, considerado o fundador da "Antropologia Estruturalista", morto no ano passado, constatou que o mito não é irracional, porque também é uma forma organizada de ver o mundo.

"Os índios não acumulam bens, não têm o Estado como organização, mas são organizados", diz. Outro aspecto é a própria concepção de espaço. "Nas aldeias indígenas, quando eles alcançam cerca de 300 habitantes, é tradição que o excedente populacional se retire para fundar outra tribo, por isso nunca há superpopulação, como nas cidades", afirma. "Quero mostrar que o brasileiro precisa olhar para a sua cultura, principalmente a cultura de orígem, de raizes indígenas, a proposta não é viver como eles, mas aprender com a cultura deles uma forma própria de nos relacionarmos com a natureza de forma equilibrada", ensina.

O artigo "A Violência Escolar na Região Amazônica" é do paraense Matias Ferreira do Nascimento. Ele é professor aprosentado pelo antigo Núcleo Pedagógico Integrado (NPI) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e leciona atualmente em colégios particulares. Depois de verificar que assunto começou a ocupar muito espaço na mídia nacional e regional, ele constatou que todas as publicações sobre o tema omitiam o problema das escolas na região Norte. E descobriu que em cidades pequenas e jovens, como Macapá, o fenômeno era tão grave como em cidades grandes.

A abordagem sobre o fenômeno acaba acontecendo dentro das escolas. "Professores e alunos procuram resolver os problemas mas não reúnem outros grupos para juntar forças e combater a violência, eu sugeri de que haja um enfrentamento mais corajoso e mais democrático de todos os setores da sociedade para causar impacto nesse enfrentamento", afirma. Ele diz que o problema não é somente um fenômeno da escola ou de estado, mas também começa na família. Em Macapá, onde a imigração causa crescimento desordenado da cidade, há fatores de ordem política e cultural que influenciam na violência.

O livro foi lançado no sábado, no salão de recepção da Loja Maçônica Firmeza e Humanidade Número 1, em Belém. O livro pode ser encontrado nas Livrarias: Jinkings (Tamoios), Paca -Tatu (14 de Março com Oliveira Belo), Livraria News Time e Revistaria 12 Horas, no Shopping Pátio Belém.

http://www.orm.com.br/projetos/oliberal/interna/default.asp?modulo=247&…

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