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Litoral norte só trata 28% do esgoto

OESP, Metrópole, p. C8
12 de Nov de 2006

Litoral norte só trata 28% do esgoto
Situação é pior em cidades que estão entre as que mais crescem no Estado, como São Sebastião e Ilhabela

Sérgio Duran

As cidades do litoral norte e da Baixada Santista que registram o maior crescimento populacional - São Sebastião, Ilhabela e Bertioga - são também as mais precárias no tratamento de esgoto e abastecimento de água. As informações constam do plano diretor da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para o período de 2007-2011, que prevê investimento de quase R$ 2 bilhões para mudar uma realidade frustrante para freqüentadores das praias paulistas.

Em média, apenas 28% do esgoto do litoral norte é tratado. Na Baixada, o índice sobe para 56% graças a Santos, que tem índice de 98%. Caso contrário, seria de 36%. Com 13 cidades, as duas regiões que mais atraem veranistas da capital têm população superior a 1,8 milhão de habitantes e não param de crescer. Ilhabela, na velocidade de 12,2% ao ano na última década; São Sebastião, a 7,2%; e Bertioga, a 16,1%. A média do Estado foi de 5% no mesmo período.

A informação foi essencial para que prefeitos de todos esses municípios elaborassem seus respectivos planos diretores, tornados obrigatórios pelo Estatuto da Cidade. A falta de planejamento leva a situações como as de Praia Grande e Guarujá, que enfrentam falta de água no verão ou têm praias impróprias para banho em plena alta temporada.

A produção crescente de esgoto só não prejudicou todas as praias por causa de soluções individuais de tratamento, caso de alguns condomínios do litoral norte, mas também por questões técnicas, como as condições climáticas e a capacidade de diluição dos dejetos. Em temporadas chuvosas, o esgoto é arrastado pelos córregos mais rapidamente.

"Esta é uma questão de ocupação irregular, porque esse crescimento se dá muito pela favelização do litoral", afirma Cláudia Lamparelli, gerente de Águas Litorâneas da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que faz a análise das condições das praias paulistas. "Nos últimos anos, temos registrado praias impróprias em Ilhabela, onde isto nunca tinha ocorrido."

A situação do abastecimento é mais tranqüila. O número de reclamações de falta d'água despencou nas últimas duas temporadas, graças a investimentos emergenciais na compra de bombas para captar água da Serra do Mar.

Mesmo assim, o adensamento populacional cria situações esdrúxulas. "Às vezes somos chamados em Praia Grande porque falta água. Chegamos ao local e verificamos que há água na rede da rua, mas o número de pessoas no prédio é tão grande que a ligação não dá conta", afirma o superintendente de Negócios da Sabesp na Baixada, engenheiro Paulo Roberto de Queiroz, de 54 anos.

No Guarujá, há reclamação de falta de pressão da água, que chega fraca aos prédios. Isso ocorre, conta Queiroz, pelo furto de água das favelas. "Calculamos a pressão com base na demanda e as invasões não entram nesse cálculo."

DISPONIBILIDADE
De acordo com relatório da Cetesb, a disponibilidade hídrica do litoral não é problema. Só os dois sistemas que abastecem a Baixada Santista - Cubatão e Iguape - tem capacidade para produzir 196 mil litros de água por segundo e o consumo chega a picos de 9 mil na alta temporada, quando sobe 50%.

A questão não é a disponibilidade, e sim os investimentos na ampliação da rede e na coleta da água, problema que deverá ser resolvido em 2011, quando se prevê que todas as obras planejadas pela Sabesp tenham sido realizadas. Até lá, dizem os técnicos da companhia, as cidades estarão preparadas.

"Na última temporada, foram 300 reclamações para as 122 mil ligações das quatro cidades que administramos", afirma José Ricardo Monkel, de 54 anos, superintendente da Sabesp no litoral norte.

Para Cetesb, não há risco de falta de água
Investimento em ampliação da rede e na coleta é gargalo
Sérgio Duran
Apesar dos problemas de abastecimento de água, a disponibilidade hídrica do litoral é satisfatória, segundo relatório da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Só os dois sistemas que abastecem a Baixada Santista - Cubatão e Iguape - têm capacidade para produzir 196 mil litros de água por segundo. O consumo chega a picos de 9 mil litros na alta temporada, quando sobe 50%.

O gargalo está nos investimentos em ampliação da rede e na coleta da água, problema que deverá ser resolvido em 2011, quando se prevê que todas as obras planejadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) tenham sido realizadas. Até lá, dizem os técnicos da companhia, as cidades estarão preparadas.

RECLAMAÇÕES
O número de reclamações de falta d'água despencou nas últimas duas temporadas, graças a investimentos emergenciais na compra de bombas para captar água da Serra do Mar. 'Na última temporada, foram 300 reclamações para as 122 mil ligações das quatro cidades que administramos', diz José Ricardo Monkel, superintendente da Sabesp no litoral norte.

Algumas reclamações decorrem de situações esdrúxulas, causadas pelo adensamento populacional. 'Às vezes, somos chamados em Praia Grande porque falta água. Chegamos ao local e verificamos que há água na rede da rua, mas o número de pessoas no prédio é tão grande que a ligação não dá conta', afirma o superintendente de Negócios da Sabesp na Baixada, engenheiro Paulo Roberto de Queiroz.

No Guarujá, as queixas mais comuns são de falta de pressão da água, que chega fraca aos prédios. Isso ocorre, segundo Queiroz, em razão do furto de água pelas favelas. 'Calculamos a pressão com base na demanda e as invasões não entram nesse cálculo.' S.D.

OESP, 12/11/2006, Metrópole, p. C8

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