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Lideres rurais estariam jurados de morte no MA

OESP, Nacional, p.A17
24 de Jun de 2005

Líderes rurais estariam jurados de morte no MA
Deputado diz que lista tem 5 nomes, incluindo ele próprio; ameaça acontece na região do Baixo Parnaíba
Ernesto Batista Especial para o Estado SÃO LUÍS
O deputado estadual maranhense Domingos Dutra (PT) denunciou a existência de uma lista de nomes de líderes rurais e sindicais marcados para morrer na região do baixo Parnaíba, no leste do Maranhão, apontada como a nova fronteira agrícola do Estado. A lista teria cinco nomes e traria junto uma tabela de preços, cuja soma das quantias pagas pelos crimes resultaria num custo de R$ 276 mil pelos cinco assassinatos.
Entre os marcados para morrer estão o ex-padre José dos Santos Vale, funcionário da Caritas (entidade ligada à CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), cuja cabeça estaria valendo R$ 25 mil, e o próprio Dutra, que seria o crime mais caro da lista e custaria R$ 200 mil. Outras três pessoas, todas líderes rurais da região e com o preço variando entre R$ 13 mil e R$ 20 mil, fecham a lista.
De acordo com o parlamentar maranhense, a existência da lista foi revelada durante uma discussão entre um dos marcados para morrer e um fazendeiro. "Essa discussão aconteceu há cerca de 15 dias entre um dos líderes sindicais marcados para morrer, Edson Rodrigues, e o fazendeiro Sidney Hilly, presidente da Associação dos Plantadores de Soja do baixo Parnaíba. O fazendeiro fez várias ameaças ao Edson e revelou a existência da listagem e quanto custaria cada um dos crimes", disse o Dutra.
O parlamentar comentou ainda que há um clima de tensão na região, depois que trabalhadores rurais e sindicalistas fizeram uma caminhada que culminou em uma audiência pública no município de Brejo das Anapurus, distante 390 quilômetros da capital e que está no centro da região em questão.
CONFLITOS
"O perfil do conflito rural no Maranhão está mudando. Tradicionalmente os conflitos eram com os grandes latifúndios e hoje os problemas são com fazendeiros engajados no agronegócio, principalmente ligado à cultura de soja", disse o deputado.
Segundo ele, "o avanço da fronteira agrícola está sendo feito à custa da devastação ambiental e da grilagem, uma vez que nenhum dos fazendeiros observa os limites impostos pela legislação".
CRESCIMENTO
Hoje, a soja substituiu o arroz como o principal grão plantado no Estado e é a lavoura que mais cresce no Maranhão, com uma taxa de crescimento de 12% ao ano e que já responde por 1,3% da produção nacional.
Tudo o que é colhido no Estado é destinado ao mercado externo e sai do Brasil com destino à Ásia pelo Complexo Portuário do Itaqui, em São Luís.
Dutra disse também que não está intimidado e que vai reunir mais informações sobre o caso para montar um documento e pedir providências à Polícia Federal e à Secretaria de Estado de Justiça do Maranhão.
"Os políticos correm perigo neste Estado. Nos últimos três meses, foram assassinados um prefeito e um presidente de Câmara Municipal", finalizou o deputado petista.

OESP, 24/06/2005, p. A17

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