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Líderes indígenas protestam contra assassinatos ocorridos em Pernambuco

Cimi - www.cimi.org.br
29 de Set de 2008

No dia 25 de setmebro, nas margens do rio Capibaribe, em Recife, de frente ao monumento Tortura Nunca Mais, na praça Pe. Antonio Henrique o povo Truká junto com representações dos povos indígenas de Pernambuco, Alagoas e Sergipe concentram-se para iniciar uma manifestação com os seguintes objetivos:

- celebrar a memória de Mozernir Truká, assassinado no dia 23 de agosto;
- protesto contra os processos de criminalização das lideranças indígenas;
- caminhar até a sede do Governo do Estado de Pernambuco para uma audiência com o Governador

Cerca de 150 indígenas com integrantes de entidade aliadas (CIMI, CCLF, MNDH) concentraram-se em frente ao monumento que presta uma homenagem aos presos e desaparecidos políticos no período da ditadura militar. O monumento apresenta o corpo de um homem nu em posição da tortura de pau-de-arara. Seu rosto virado para o rio em sinal de protesto. Os povos indígenas no Brasil sofrem perseguições, prisões, torturas, assassinatos e desaparecimentos desde o século XVI.

De frente ao corpo indefeso e torturado os índios Truká e seus parente dança o Toré, invocando os Encantados de Luz força e esperança, vigor e valentia nos enfrentamentos das perseguições e violência, especialmente por parte do Estado.

A voz dos maracás, o Toré, os índios, os Encantados caminhando pelas ruas do Recife, rompendo sinais fechados, caminhando na contra-mão do sistema marcado pela corrupção e violência.

Em frente ao Palácio do Governador um cordão de policial impede a entrada dos índios manifestantes. Novamente os Encantados são invocados com o Toré:

"Ô einaeina einaênaô (bis)
Ô einaeina einaênaô (bis)
Eu cheguei agora
Nesta nova aldeia (bis)
Eu vim do meu reinado
Foi Deus quem mandou (bis)
Viva meus caboclos
Que eles são guerreiros (bis)
Ô einaeina einaênaô (bis)
Ô einaeina einaênaô"(bis)

Depois todos os índios e aliados foram convidados a entrar no Palácio do Governo e foram recebidos pelo Secretário de Direitos Humanos e pelo secretário Adjunto de Segurança.

Neguinho Truká diz: "Meu povo não agüenta mais ver nosso sangue derramado. O Estado deve tomar providências. Um Estado democrático não pode ficar conivente com os maus policiais". Neguinho expõe que o povo Truká vem sendo vítima de um processo de criminalização e assassinatos, vários deles os autores são policiais militares. Vânia, viúva de Mozenir pede que o Estado "tenha um olhar melhor para a Ilha (Ilha da Assunção, Território Truká). Não permita que o caso de Mozenir seja mais um caso", e chora. O cacique Marcos Xukuru faz um relato do processo e violência e criminalização que vem sofrendo os povos indígenas no Brasil, destacando os povos de Pernambuco. "Estou ameaçado de morte; ando escoltado com dois policiais. Sofri um atentado em 2003 onde dois índios jovens foram assassinados. Lutamos pela melhoria da qualidade de vida dos povos indígenas".

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