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Lideranças indígenas de Rondônia, Sul do amazonas e Noroeste de Mato Grosso, denunciam tratamento discriminatório

Coiab-Manaus-AM
29 de Jun de 2005

da Funai

As 42 lideranças indígenas que vieram de Rondônia, Sul do Amazonas e Noroeste de Mato Grosso, para solicitar da presidência da Funai, em Brasília, solução aos problemas que enfrentam principalmente pela invasão de suas terras deixaram a cidade, no dia 29 de junho, denunciando a discriminação com que representantes do órgão os trataram, porque "não são caciques tradicionais ou pajés". As lideranças encaminharam a denúncia junto ao Ministério Público Federal e a Frente Parlamentar em defesa dos Povos Indígenas.

Veja a íntegra da

NOTA PÚBLICA

DENÚNCIA CONTRA TRATAMENTO DISCRIMINATÓRIO DA FUNAI A COMITIVA INDÍGENA

Nós, 42 lideranças Indígenas dos povos Tenharin, Gavião, Karitiana, Karipuna, Mura, Mundurucu, Jiahuí,Satarê-Mawé e Parintintin, oriundos de Rondônia, Sul do Amazonas e Noroeste de Mato Grosso viemos por meio desta DENUNCIAR a DISCRIMINAÇÃO e OMISSÃO com que o Orgão Indigenista Federal, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) nos tratou nos últimos dias, ao se negar em receber a nossa Comitiva que veio a Brasília para apresentar as nossas necessidades, o grito de socorro das nossas comunidades, que estão sofrendo como conseqüência da invasão das nossas terras por fazendeiros, grileiros, madeiros, garimpeiros, etc.

Ao permanecer em Brasília entre os dias 25 a 29 de junho sequer recebemos apoio para nos hospedar. Ficamos mesmo nas instalações da Funai, onde passamos frio e fome, com uma senhora gravida passando mal e crianças correndo risco de adoecer. Dessa forma, sentimos na própria pele a discriminação praticada por profissionais como Luiz Eslovac, Diretor do Departamento de Assistência e Izanoel dos Santos Sodre, coordenador da Amazônia e da Coordenação Geral de Documentos, que deixou bem claro para nós que não iriam nos atender porque não éramos "caciques tradicionais e nem pajés".

É assim como os representantes da Funai desrespeitaram a nossa comitiva, que estava composta por lideranças, caciques e coordenadores de associações e organizações dos nossos povos. Chegamos a Brasília com a esperança de sermos atendidos pelo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, que segundo os seus auxiliares estava viajando e com a agenda lotada, mas a atenção que recebemos foi esta, que é exatamente o retrato como anda a política indigenista do atual governo, indiferente às necessidades e demandas dos nossos povos e comunidades.

Face a esta situação, chamamos às autoridades e instituições envolvidas com a defesa dos direitos indígenas que estejam vigilantes para que o órgão indigenista e seus funcionários se voltem a cumprir devidamente as suas obrigações e não repitam mais comportamentos discriminatórios para com quaisquer das nossas lideranças, organizações e povos que venham a requerer dos serviços que por dever devem desempenhar.

Atenciosamente.

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