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Lideranças indígenas contestam declaração de advogada do CIR

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: VANEZA TARGINO
31 de Mar de 2004

Lideranças indígenas contrárias à homologação em área contínua da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, declararam ontem à Folha que não concordam com as afirmações da advogada do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Joênia Batista de Carvalho, que iria denunciar o Brasil à Comissão Internacional de Direitos Humanos da Organização dos Estados Unidos (OEA).

Conforme o presidente da Alidicir (Aliança de Integração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima), Anísio Pedrosa Lima, a advogada não representa a maioria dos povos indígenas e os índios que vivem na área nunca foram consultados.

"Nos causou surpresa as declarações da advogada Joênia, ao dizer que iria denunciar o Brasil por violar os direitos e garantias dos índios que habitam a área Raposa/Serra do Sol. Os índios e nossas organizações não foram consultados a respeito dessa encenação. Ela não tem poder para falar em nome de todos os índios", protestou.

Para Anísio Pedrosa, o CIR deveria deixar de anunciar que representa os povos indígenas e permitir a igualdade respeitando o direito de todos que vivem na área Raposa/Serra do Sol. "Os índios ligados as nossas organizações são em número maior. Então, o CIR deveria respeitar o modo de pensar de cada um. Todos possuem o direito de indicar os rumos que devem seguir. Está claro e todo o Brasil sabe que os povos indígenas não concordam e não desejam que seja homologa a reserva em área contínua", declarou.

O tuxaua disse também, que o CIR está difamando os indígenas que conseguiram se libertar do controle do Conselho. Segundo ele o CIR não tem legitimidade para anunciar que representa os índios daquela área.

"Ninguém está sendo aliciado e não é crime discordar do CIR. Queremos que as autoridades também nos escutem e respeitem o nosso posicionamento. Fazendeiro ou qualquer outra classe contra a homologação em área contínua, não alicia e nunca aliciou o nosso povo. Nos dias atuais o CIR é minoria e agora tenta comover os americanos, fazendo queixa a eles. Eles não podem nos representar e as questões brasileiras devem ser tratadas no Brasil", criticou.

Além dessas afirmações o presidente da Alidicir declarou que atualmente a atuação do CIR é semear a discórdia entre os parentes indígenas e através dos constantes anúncios de ampliação das terras indígenas, prejudicam e inviabilizam as demarcações. "Eles não representam a verdade e criam as dificuldades que os indígenas estão enfrentando na demarcação das duas terras em Roraima, por defenderem a criação de um território, que ninguém poderá ter acesso", justificou.

POSTO - Conforme Anísio Pedrosa, a atividade do Posto Fiscal localizado a cinco quilômetros da entrada da maloca do Contão, está suspensa provisoriamente, até ser decidido em assembléia no dia 17 de abril, o local definitivo. "Nesta reunião teremos representantes do Ministério Público Federal, Polícia Federal, Funai e tuxauas das comunidades, para definirmos o local exato para continuarmos a fiscalização. A nossa proposta será permanecer com a fiscalização no mesmo local, que chamamos de Ponta da Serra", justificou.

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