VOLTAR

Lideranças divergem quanto a demarcação de terra indígena

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: REBECA LOPES
10 de Jun de 2003

As lideranças indígenas estão com suas propostas prontas para entregá-las ao ministro Márcio Thomaz Bastos. Enquanto as organizações, das Mulheres Indígenas (Omir), dos Povos Indígenas (Opir), Associação dos Povos Indígenas (Apir), Taurepang, Wapixana e Macuxi (TWM) e Conselho Indígena de Roraima (Cir), pedirão a homologação da Raposa/Serra do Sol em área contínua com a retirada dos invasores, Sodiur, Alidcir e Arikon querem a preservação dos núcleos urbanos, estradas e áreas produtivas.

O vice-coordenador do CIR, Norberto Cruz da Silva, comentou que há mais de cinco anos eles esperam por uma decisão positiva por parte do Governo Federal. Na Assembléia Geral dos Tuxauas, ocorrida em fevereiro deste ano, foi decidido que se a área não for homologada, eles não aceitarão a implantação de programas do governo, como de eletrificação, que segundo ele, vem sendo feito sem estudos de impacto ambiental.

"A homologação será importante para desenvolver a auto-sustentação das comunidades", comentou o vice-coordenador, acrescentando que desde que os projetos sejam solicitados pelas comunidades, de acordo com suas necessidades, o apoio do governo será fundamental.

Com proposta diferente, a Sodiur (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima), Alidicir (Associação de Integração do Desenvolvimento das Comunidades Indígenas) e Arikon (Associação Regional dos Rios Kinô, Cotingo e Monte Roraima) além de entregar a carta com a proposta, estas organizações deverão reunir mais de três mil indígenas, na Maloca da Raposa, localizada no início da área Raposa/Serra do Sol, para conversar com Márcio Thomaz Bastos.

"Mostraremos ao ministro que existe integração entre índios, entidades e pessoas que vivem há mais de cem anos no local. Nós somos a favor da homologação, mas a área é longa, é preciso que sejam preservadas as estradas, municípios e vilas", justificou o presidente da Sodiur, Silvestre Leocádio. Dos eventos dessa natureza realizados no Estado, Leocádio afirmou que essa é a primeira vez que a Maloca da Raposa receberá a visita de uma autoridade, embora, segundo ele, a comunidade exista há séculos mantendo tradições, como a preservação do nome da localidade no sobrenome do morador.

Devido à área já estar demarcada, faltando apenas homologação, o presidente da Sodiur destacou a necessidade de integração, que será evidenciada a Márcio Thomaz Bastos, a fim de garantir a sobrevivência dos povos que ali se encontram. "O índio não vive só da caça e pesca. Temos várias áreas que foram demarcadas, e os índios estão morrendo de fome, porque foram abandonados. Os ianomâmis são um exemplo vivo, pois as autoridades visitam apenas a sede, mas esquecem de ir às vilas, onde tem vários morrendo. As ONGs que estão dentro desses locais, alegam cuidar mas só ganham dinheiro", destacou.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.