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Líder quilombola sofre atentado a bala em São Mateus (ES)

O Século Diário - www.seculodiario.com.br
Autor: Ubervalter Coimbra
17 de Jun de 2008

O quilombola Manoel Pedro Serafim, presidente da Associação dos Pequenos Agricultores e Lenhadores de Conceição da Barra (Apal-CB), sofreu um atentado a bala na noite de domingo (15). O atirador fez três disparos, foi identificado e está foragido. Os membros da Apal-CB catam restos dos eucaliptos plantados pela Aracruz Celulose nas suas terras.

Segundo relato de Manoel Serafim quem atirou foi Joilson Barbosa, que estava acompanhado da mulher, Laci Barbosa. Laci estava armada de faca e foi quem chamou Manoel. Quanto foi atender, sofreu a tentativa de homicídio. Os tiros foram disparados à queima roupa, mas o presidente da associação não foi atingido.

Manoel Serafim está na presidência da Apal-CB há cerca de quatro meses. Ele relatou que Joilson Barbosa, branco, era fiscal da associação e uma das pessoas que tiravam madeira, responsabilizando os quilombolas pelos furtos. Foi afastado e ameaçou de morte os diretores recém empossados da associação.

O atentado foi sofrido por Manoel Serafim às 18h55 do domingo, na sua própria casa, no bairro Litorâneo. Imediatamente após, a polícia foi informada do atentado e já estaria tentando prender Joilson Barbosa, que mora no bairro Vitória, em São Mateus.

Nesta quarta-feira, o presidente da Apal-CB denunciará a tentativa de homicídio ao promotor de Conceição da Barra, município onde está a sede da associação. Pedirá garantias de vida para si e outros diretores da entidade.

A Apal-CB tem 463 filiados, mas a cata dos restos de eucalipto é feita por cerca de 2.000 pessoas, segundo o presidente. O trabalho é duro, começa às 4 horas da manhã, e vai até as 18 horas, todos os dias. É uma das poucas atividades que resta na região para os quilombolas, depois que suas terras foram tomadas pela Aracruz Celulose.

Além da transnacional, usurparam as terras dos quilombolas a Suzano, outra empresa que planta eucalipto, e fazendeiros.

Os quilombolas estão em luta para recuperar seus territórios. Segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o território já identificado como dos descendentes dos negros tornados escravos é de cerca de 50 mil hectares. Ao Incra cabe identificar os territórios e devolvê-los aos quilombolas.

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