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Líder de aldeia diz que índio foi morto em conflito com a PF

Folha.com - http://www1.folha.uol.com.br/
Autor: Rodrigo Vargas
08 de Nov de 2012

Líderes da etnia mundurucu afirmam que um índio foi morto a tiros pela Polícia Federal durante o confronto ocorrido na manhã desta quarta-feira (7) na região do rio Teles Pires, na divisa entre os Estados de Mato Grosso e do Pará.

Oficialmente, oito pessoas ficaram feridas no episódio: dois policiais, atingidos por flechas, e seis índios.

Dois índios, com ferimentos à bala nos braços, foram transferidos ainda na quarta-feira para Cuiabá.

Por telefone de Jacareacanga (PA), o índio Sandro Waru Munduruku, filho do cacique da Aldeia Teles Pires, disse à reportagem que foi encontrado nesta manhã o corpo do índio Adenílson Krixi, 28, que estava desaparecido desde o confronto.

"O corpo foi achado dentro do rio, com quatro tiros no peito e um na cabeça. Foi uma covardia o que fizeram, um verdadeiro massacre", afirmou o índio.

A ação da PF fazia parte da Operação Eldorado, que combate uma rede de exploração de garimpos ilegais de ouro na região. Líderes das etnias mundurucu e caiabi, segundo as investigações, participavam do suposto esquema.

As etnias mundurucu e caiabi ocupam área vizinhas no entorno do rio Teles Pires. As terras mundurucu ficam no lado do Pará, enquanto o território dos caiabi se estende também por Mato Grosso. Ontem, as primeiras informações da Funai apontavam que o conflito teria envolvido índios caiabi.

O conflito ocorreu, segundo a PF, no momento em que agentes cumpriam a ordem judicial que determinava a destruição de balsas usadas para a extração de ouro no rio Teles Pires. Segundo essa versão, os agentes foram atacados pelos índios.

Waru disse que o pai do índio supostamente morto no confronto viu quando o filho foi atingido e aponta um delegado da PF (um dos feridos) como o autor dos disparos.

"O pai dele viu o delegado atirando nele. Depois ele passou um rádio para nós e falou: o meu filho levou um tiro e está desaparecido o dia todo. A PF falou para ele: o seu filho está vivo por aí", relatou Waru. "Hoje achamos o corpo e estamos revoltados".

A revolta dos índios não se resume à atuação da PF durante o confronto. Segundo o índio, a aldeia também foi alvo do que chamou de "ataque".

"Nós queremos saber por que o delegado invadiu a aldeia, jogando bombas de efeito moral, atirando com bala de borracha nas pessoas, atirando nas casas e amedrontando nossas crianças. A operação era somente no rio."

Procurada, a assessoria de imprensa da PF em Brasília não comentou as afirmações do indígena. O setor de comunicação da PF em Mato Grosso disse apenas que ainda não há confirmação de que tenha sido encontrado algum corpo no local.

A reportagem apurou com fontes da PF que os policiais entraram na aldeia em razão do conflito ocorrido no rio. Segundo relato dos policiais, o objetivo era verificar a existência de armamentos escondidos e atender feridos.

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