Levantamento sobre animais atingidos será feito após o Carnaval

Extinto o incêndio que atingiu áreas de juncais secos do banhado da Estação Ecológica (Esec) do Taim por mais de 100 horas, ainda no sábado, foi feito um sobrevôo para avaliação mais exata, com uso de GPS, da área queimada. Segundo o superintendente do Ibama/RS, Fernando Marques, os dados levantados mostraram que o fogo consumiu 4.760 hectares de vegetação do banhado. "Imaginávamos que fosse maior, pois na quarta-feira já tinham sido queimados 3.803 hectares e o fogo ainda continuou até a madrugada de sábado. Isso mostra que o trabalho eficiente das equipes e aeronaves conseguiu evitar que o dano fosse ainda maior", relatou. O administrador da Esec/Taim, Amauri Motta, informou que após o Carnaval será feito levantamento na área queimada na tentativa de conseguir dados quantitativos de animais atingidos pelo incêndio.
Motta disse que será difícil obter dados reais, porque a área é muito grande, de difícil acesso e fundo alagado. Assim, muitas carcaças podem ter ficado submersas. Ninhos de aves também não serão possíveis verificar, pois são consumidos pelo fogo. No levantamento, também serão verificadas as áreas que ficaram preservadas e registrados alguns pontos para acompanhamento do processo de recuperação do banhado. O incêndio teve início por volta das 17h30min de segunda-feira passada e foi extinto na manhã de sábado. "A ação das equipes que atuaram no combate e a chuva ocorrida sábado, das 3h da madrugada até o amanhecer, sendo forte em alguns momentos, deram fim ao incêndio". Na manhã de sábado, um avião Hércules da FAB ainda fez o resfriamento da área, com lançamento de água. Perto do meio-dia, as equipes foram desmobilizadas. Amauri Motta falou que este foi o maior incêndio ocorrido até hoje na unidade de conservação e de grande periculosidade para quem estava envolvido no combate, exigindo atenção redobrada de todos.
Observou que foram dias de trabalho intenso, muita preocupação e tristeza, "vendo ser consumida uma riqueza ambiental à qual a Esec se dedica a preservar". Como o banhado tem uma área grande - a estimativa é de que ocupe 60% da área da unidade, que é de 33.815 hectares, Motta disse que ainda sobra uma grande parcela para assegurar abrigo e alimentação para as espécies se regenerarem. "Com o trabalho feito por todos os envolvidos no combate ao incêndio, foi possível preservar boa parcela do banhado, a qual servirá para as espécies assegurarem suas condições de vida". Segundo ele, o banhado é um ecossistema rápido em termos de recuperação de sua vegetação. "Vamos procurar aprender como ele se recupera", comentou.
A causa do incêndio ainda não está esclarecida. Logo após o início, foi flagrado um homem de fora da região, que tem problemas mentais, muito próximo da direção do começo do fogo. Ele chegou a ser detido e depois foi liberado. O cidadão estava com cigarros, mas não foram encontrados isqueiro ou fósforo com ele. O caso foi apresentado ao Ministério Público Federal para averiguação.