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Letícia Yawanawa: "Não posso me calar diante de tantas injustiças"

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Autor: Geisy Negreiros
31 de Mar de 2009

Após fazer graves denúncias de abuso sexual contra o Assessor dos povos Indígenas, Francisco Pianko, a presidente da Comissão do movimento indígena do Acre, sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia, Letícia Yawanawa, junto à advogada e ativista dos Direitos Humanos, Joana D'arc, reuniram a imprensa, hoje, no Centro de Antropologia da Universidade Federal do Acre (Ufac) para falar sobre o assunto.

Com uma carta de desabafo nas mãos, Letícia reiterou as denúncias que fez e disse que não ficará calada diante do que aconteceu. Segundo ela, depois dos acontecimentos, tem recebido ligações de números privados de pessoas pedindo que ela negue o que falou. "Não conheço estas pessoas, já recebi várias ligações dizendo pra eu sair disso, voltar para aldeia, dizer que eu estava equivocada. Não posso me calar diante de tantas injustiças, eu não sou louca, estou consciente de tudo que disse. Não podemos mais viver na época dos patrões," ressaltou.

Letícia diz que espera que todos os fatos sejam investigados, para que a verdade apareça. Sobre as declarações que o irmão Joaquim Yawanawa fez negando o que ela disse, Letícia comentou que, apesar de não concordar, respeita o pensamento do irmão. "Já conversei com ele, disse que não ia responder às suas palavras, eu sou Yawanawa e conheço minhas tradições e costumes, nunca tive interesse político e nem rixas pessoais, sempre pensei em defender os povos indígenas," acrescentou.

Na carta, ela diz que, por várias vezes, lideranças indígenas pediram que o assessor fosse afastado por considerarem que ele não defendia os povos. "Pianko não defende as lideranças indígenas, ele só pensa no seu bem estar e tem utilizado do poder que tem para dividir os movimentos indígenas, só apóia quando interessa a ele. Acabar com os movimentos indígenas é o mesmo que matar todos os índios," disse.

A advogada Joana D'arc revelou que, com a repercussão do caso, novas denúncias chegaram até ela, as quais já foram encaminhadas à Polícia Federal. "A denúncia é contundente, o acusado é indefensável, e as provas estão sendo colhidas pelas instituições que estão fazendo as apurações dos fatos. A questão do abuso sexual e da pedofilia é uma nomenclatura nova na legislação brasileira, é uma ilusão achar que alguém vai pegar um flagrante de pedofilia," avalia

Segundo D'arc, a denúncia não veio à tona somente agora. Há muito tempo, Letícia havia feito a outros movimentos. "A denúncia chegou até mim e eu encaminhei aos órgãos públicos, mas isso só aconteceu depois de Letícia bater em várias portas," concluiu.

As denúncias foram formalizadas no Ministério Público Federal (MPF) e estão sendo investigadas pela Polícia Federal.

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