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Leilão de usina poderá ser adiado

OESP, Economia, p. B9
14 de Set de 2007

Leilão de usina poderá ser adiado
Presidente da EPE diz que processo só ocorrerá se houver competição e não vê problemas no adiamento

Wellington Bahnemann

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, admitiu ontem a possibilidade de adiamento do leilão da usina hidrelétrica de Santo Antônio (3.150 MW), no Rio Madeira. A licitação está marcada para 30 de outubro. Segundo ele, a realização do leilão está condicionada à conclusão da análise da documentação da usina pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e à constituição de novos consórcios empreendedores.

'O leilão só ocorrerá se houver competição', afirmou Tolmasquim, durante o Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), promovido pelo Grupo Canal Energia, em São Paulo. Segundo Tolmasquim, o leilão não deve ser realizado se apenas o consórcio Furnas/Odebrecht se prontificar a participar da disputa. Para atenuar o grau de assimetria das informações sobre o projeto, a EPE pretende pôr à disposição dos interessados todos os dados sobre o projeto da usina.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, afirmou também que a autarquia pretende fazer trabalho semelhante, promovendo reuniões técnicas com os investidores. Tolmasquim afirmou que o governo ainda trabalha com a perspectiva de realizar o leilão em 30 de outubro, até porque há o risco de se perder a janela hidrológica do Rio Madeira para se construir Santo Antônio, de modo a possibilitar que a usina entre em operação em 2012. Por conta disso, ele acrescentou que não há data limite para realização do leilão da hidrelétrica.

O executivo, porém, afirmou que não haveria problema se a usina começasse a operar em 2013, uma vez que poderia ser substituída por outras fontes. Além disso, segundo ele, a usina agregaria pouca energia ao sistema em 2012, já que entraria em operação apenas no fim do ano. 'Nós teremos usinas a carvão, biomassa e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) que poderão entrar no lugar da usina.'

O diretor da Odebrecht Investimentos em Infra-Estrutura, Irineu Meireles, afirma, porém, que a conta não é tão simples assim. Se o País perder a janela hidrológica do Rio Madeira, o atraso não será apenas de três meses, mas de um ano, diz ele. As máquinas que entrariam em operação em 2012 apenas poderão trabalhar na obra no fim de 2013. 'Quem vai perder é o País, que terá de recorrer a uma energia mais cara, como a de óleo combustível.' Sobre competição, ele destaca que o governo só saberá quando lançar o edital e as empresas se apresentarem.

Kelman afirmou que ainda não há previsão de data para que o edital seja publicado. Segundo ele, o Ministério de Minas e Energia ainda não teria encaminhado as diretrizes para elaboração do documento.

Para investidor, será difícil pôr a hidrelétrica em operação até 2012

Renée Pereira

O diretor-executivo da Amazônia Madeira Energética (Amel), João Canellas, da Construtora Camargo Corrêa, afirmou ontem que, mesmo realizando o leilão da Hidrelétrica de Santo Antônio (3.150 MW) em 30 de outubro, será difícil cumprir o cronograma que vem sendo divulgado no mercado. Ou seja, a usina não entraria em operação em 2012, como o governo tem sustentado.

Segundo ele, que pediu o adiamento do leilão à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a previsão para assinatura do contrato do projeto do Madeira é em meados de dezembro. A partir daí haveria só três meses para preparar o projeto básico e solicitar a licença de instalação para início das obras.

"Normalmente, um projeto básico demora cerca de oito meses para ficar pronto. Imagina num investimento de R$ 10 bilhões", destaca o executivo da Amel, principal concorrente do consórcio formado pela Odebrecht/Furnas na disputa. A previsão para início das obras da hidrelétrica é setembro de 2008.

Canellas diz que há uma série de fatores que explicam a necessidade de adiar o leilão. O principal deles a divulgação do edital, que até hoje não saiu, apesar de a licença ambiental ter saído em julho. "Não há tempo hábil para todo o processo de pré-qualificação obrigatória."

O diretor da Odebrecht Investimentos em Infra-Estrutura, Irineu Meireles, discorda da opinião de Canellas sobre a dificuldade para cumprir o cronograma. Segundo ele, mesmo se o leilão atrasar em 15 ou 20 dias, o consórcio conseguiria cumprir as datas previstas no projeto. "Se vencer o leilão, cumpro os prazos e entrego energia em 2012", promete o executivo.

OESP, 14/09/2007, Economia, p. B9

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