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Laboratórios querem vender remédio de índios

Site do Terra-São Paulo-SP
23 de Mar de 2004

Um laboratório japonês e duas universidades dos Estados Unidos estão tentando comercializar remédios obtidos graças ao conhecimento ancestral dos índios kallawaya da Bolívia, mas sem sua permissão, denunciou hoje, a revista francesa L'Express.
A publicação baseia sua informação em fontes da organização não governamental canadense ETC Group, ativa na denúncia da biopirataria. Desprezada em outros tempos, a sabedoria dos índios kallawaya foi proclamada pela Unesco Patrimônio da Humanidade em novembro de 2003, dentro da nova categoria do Patrimônio Oral e Imaterial.

"A cosmovisão da cultura kallawaya" é, desde então, uma das 47 primeiras "obras-primas" da lista da Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A cultura andina dos kallawaya reúne crenças, mitos, rituais e valores impregnados das crenças dos antigos povos indígenas e usados especialmente na prática da medicina tradicional.

Seus médicos são reconhecidos na Bolívia e em vários países sul-americanos, onde praticam uma medicina que é a fusão de uma farmacopéia animal, mineral e botânica. Estes saberes únicos são transmitidos oralmente, de pais para filhos, mas o modo de vida kallawaya é ameaçado por fatores que poderiam causar o desaparecimento de seus conhecimentos médicos.

O perigo vem da estratégia das grandes companhias farmacêuticas de registrar patentes, mas também de problemas internos, como a pobreza, a falta de proteção legislativa dos povos indígenas e o êxodo dos jovens em busca de atividades mais lucrativas. Em sua defesa, alguns dos "habitantes da terra sagrada da medicina" ou "portadores de remédios", significados da palavra kallawaya nas línguas quíchua ou aymara, tentam produzir os remédios de seus ancestrais com procedimentos mais modernos.

Assim, com a ajuda financeira do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), os habitantes do povoado de Chacarapi construíram um laboratório com o objetivo de comercializar seus remédios na Bolívia e, talvez, no exterior.

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