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Klabin vai vender crédito de carbono

GM, Saneamento & Meio Ambiente, p. A11
12 de Mar de 2004

Klabin vai vender crédito de carbono

Empresa está se preparando para entrar na Chicago Climate Exchange (CCX) no mês que vem. A Klabin está se preparando para negociar créditos de carbono na Chicago Climate Exchange (CCX), uma bolsa auto-regulada criada nos Estados Unidos, que congrega 52 empresas e organizações não-governamentais de diversos setores e nacionalidades, principalmente na América do Norte. Por meio do CCX, as companhias operam o comércio de emissões de gases causadores do efeito estufa. Na última quarta-feira, a Klabin assinou a carta de adesão para integrar a CCX. A inclusão da empresa na bolsa deve ocorrer até abril.

A oferta inicial da Klabin poderá chegar a uma ordem de grandeza de "mais de um milhão de toneladas de créditos", a serem negociadas até 2006, de acordo com Reinoldo Poernbacher, diretor de assuntos estratégicos da empresa. O cálculo leva em conta apenas uma área de 10 mil hectares de florestas plantadas no Paraná - no estado, a área total de florestas da Klabin é de 120 mil hectares; no País, o patamar chega a 190 mil hectares.

Os estudos foram realizados pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e a certificação será realizada por uma empresa escolhida pela CCX, ainda neste mês. Todo o processo para a entrada da Klabin na CCX custará cerca de US$ 100 mil. Apesar de o processo ser incipiente, a empresa não descarta, no futuro, comercializar mais créditos. "Tudo dependerá das condições do mercado", afirmou.

Adesão voluntária

Desde que foi criada, em outubro do ano passado, a CCX vem registrando um aumento significativo no número de negociações. Em dezembro do ano passado, foram negociadas 30 mil toneladas em créditos de carbono. Em janeiro, o número subiu para 80 mil toneladas e atingiu 400 mil toneladas em fevereiro. Hoje, o preço médio do crédito é de US$ 1,00 por tonelada. De acordo com Poernbacher, estimativas do mercado mostram que, nos próximos dez anos, o preço do crédito poderá chegar a US$ 20,00.

Por meio da CCX, as empresas que não conseguiram baixar índices pré-estabelecidos de emissão de poluentes no período de um ano, podem compensar com a aquisição de créditos de carbono. Empresas como Rolls-Royce, Ford Motor Company, Bayer, Motorola, International Paper, Stora Enso North America e Dow Corning entraram na CCX em caráter voluntário, mas assinaram um acordo que proíbe o desligamento da bolsa até 2006, prazo estipulado para o encerramento da bolsa. Elas têm como objetivo baixar em 1% ao ano suas emissões de dióxido de carbono (CO2). O cálculo levou em conta a média de poluentes emitidos entre 1998 e 2001.

De acordo com Poernbacher, as empresas que integram a CCX estão se adiantando ao Protocolo de Quioto, criado oficialmente em 1997, mas que ainda não entrou em vigor. O acordo prevê que os países industrializados reduzam suas emissões de gases em pelo menos 5% em relação aos níveis emitidos em 1990, entre 2008 e 2012. Entretanto, os Estados Unidos não assinaram o protocolo, o que levou alguns países a se comprometerem com um Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) em que países se comprometem a desenvolver suas indústrias, evitando o aumento da emissão de poluentes. "Pode ser que o Congresso norte-americano aprove, mais adiante, normas que obriguem as empresas locais a terem maior controle ambiental em seus processos de produção", afirmou o executivo da Klabin.Para a empresa, a entrada na CCX poderá trazer efeitos positivos para o preço da ação. "Acredito que haverá a percepção dos acionistas para o compromisso ambiental da empresa", afirmou Poernbacher.

No ano passado, a Klabin registrou lucro líquido de R$ 1 bilhão, revertendo as perdas de R$ 208,2 milhões em 2002. As vendas de unidades fabris e o fim de joint-ventures permitiram à Klabin reduzir seu endividamento líquido de R$ 2,8 bilhões, no final de 2002, para R$ 513 milhões em 2003. A receita líquida foi de R$ 2,37 bilhões. O volume exportado - 457 mil toneladas de papéis, embalagens, entre outros - cresceu 14% em relação a 2002 e representou 38% do total comercializado pela empresa. A Klabin prevê ainda desembolsar R$ 80 milhões para aumentar a disponibilidade de madeira.

kicker: A oferta inicial poderá chegar a "mais de um milhão de toneladas de créditos"

GM, 12-14/03/20034, Saneamento & Meio Ambiente, p. A11

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