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Justiça afasta presidente da Sodiurr

Folha de Boa Vista Online - http://www.folhabv.com.br
Autor: Naira Sousa
08 de Ago de 2011

Uma ordem judicial retirou da sede da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima (Sodiurr) o ex-presidente da entidade Sílvio da Silva na última terça-feira, 2 de agosto. O atual presidente, Lupedro Alves Moraes, apresentou ata de assembleia realizada em abril, na qual ele foi escolhido com 28 votos, do total dos 43 tuxauas das comunidades que compõem a entidade indígena. Ele diz que há suspeita de irregularidade na gestão do antecessor.

O ex-presidente explicou à Folha que foi eleito em 2009 e seu cargo tem validade até 2013. Para ele, o regime do estatuto da Sodiurr não está sendo cumprido, pois a eleição que escolheu Lupedro em 10 de abril deste ano teria sido realizada de forma irregular. "Desconheço os motivos da minha destituição".

Da Silva não soube dizer à Folha quais foram os motivos para tal decisão judicial que obrigou a retirada e destituição de toda a sua diretoria. "Sei apenas que foi briga por poder. A maioria dos índios não o quer como presidente, pois teve poucos votos. A nossa direção solicitou informações para verificar a situação da chapa e nunca trouxeram nada para nós", disse.

Ele considerou a eleição ilegal e a situação da destituição também. Alega que vai solicitar na Justiça a sua permanência no cargo e declarou ter apoio da maioria dos tuxauas que fazem parte da Sodiurr. "Não fui nem notificado. Na segunda-feira irei até a Polícia Federal para denunciar esse abuso, pois o Ministério Público nem a Fundação Nacional do Índio [Funai] têm conhecimento desta ação, que teve a ordem cumprida. Chegaram à sede da Sodiurr e jogaram as minhas coisas fora, quebraram a perna da cama, destruíram os móveis e ainda jogaram a máquina de costura da minha esposa, que quebrou", reclamou.

Para ele, a nova direção que assumiu a Sodiurr tem ligação com o Conselho Indígena de Roraima (CIR). Ele explicou que a Sodiurr representa cerca de 10 mil índios que são guiados por mais de 50 tuxauas das comunidades das etnias Macuxi e Taurepang. Os tuxauas, segundo Silvio, estão tentando cancelar a assembleia extraordinária que escolheu Lupedro como presidente da Sodiur para a realização de uma nova eleição.

"A intenção é que eu fique o tempo determinado do mandato e depois fazer as eleições. Se decidirem colocar um interino até resolver esse problema, também sou de acordo, porque o prazo para ficar no cargo é de mais 2 anos", comentou. Ele negou acusações de fraude na entidade.

Lupedro Alves Moraes, presidente da Sodiurr, explicou à Folha que todos os procedimentos para a eleição da nova diretoria foram realizados por meio de assembleia geral extraordinária, seguindo o estatuto da entidade. Duas chapas concorreram ao pleito, com sua vitória por 28 votos.

"Desde a eleição, no mês de abril, tivemos uma dificuldade para assumir a sede do escritório da entidade por conta de um desentendimento com a direção anterior. Recorremos à Justiça e assumimos então a organização, após o cumprimento do mandado de Justiça", explicou Lupedro.

Ele explicou que os indícios de irregularidades nas prestações de contas da Sodiurr foram os reais motivos para a realização da nova eleição, ocorrida em abril na comunidade do Flexal, no Maturuca. "Os associados entenderam que os indícios foram o suficiente para solicitar eleição de forma extraordinária. Esses indícios ainda serão averiguados", comentou.

A direção da Sodiurr está funcionando temporariamente num dos boxes na Secretaria Estadual do Índio, no Parque Anauá. Moraes explicou que a sede da entidade, onde também funciona a casa de apoio ao indígena, deve passar por reforma.

"O prédio está em situação precária e estamos articulando uma reforma no local, após a normalidade dos trabalhos retornaremos. Não podemos parar, por isso transferimos o escritório para cá", destacou ao informar que a sede da Sodiurr permanecesse no bairro Caimbé, na rua Francisco Custódio de Andrade, esquina com a avenida Princesa Isabel.

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