Jucá, Lando e a terra dos males

Migrações partidárias e ampliação da base governista são comuns nestes tempos em que as mudanças vão ficando cada vez mais distantes. Ou melhor, as elites historicamente no poder, mudam-se para garantir os privilégios. Para os povos indígenas isso significa que seus inimigos históricos vão consolidando suas posições no atual governo. O senador Jucá vai para o PMDB, que por sua vez vai para a base do governo, que catapulta Lando como seu líder no Senado.

Um rápido olhar para a história recente do país vai nos ajudar a entender o que isso representa para os direitos dos povos indígenas.

Jucá tem se notabilizado na década de 80, quando foi presidente da Funai(86 a 87) por trair os direitos desses povos ao escancarar as terras indígenas aos grandes interesses madeireiros e minerais, particularmente em Rondônia. Isso fez com que esses interesses em gesto de gratidão lhe garantissem eleições subsequentes no Estado mais antiindígena do país: Roraima. Como recompensa pelos favores ele tem se empenhado a abrir novamente as terras indígenas à exploração mineral, através do projeto de Lei...Felizmente não teve êxito em sua cruzada. Agora, novamente no governo, certamente se sentirá mais seguro para reiniciar suas investidas contra os direitos indígenas garantidos na Constituição.

Já o senador Lando, está sendo acusado de ter sua assessoria envolvida na recente invasão de mais de cinco mil pessoas à Terra Indígena Uru-eu-Uau-Uau. Já na década de 80 seu nome apareceu ligado à invasão da Terra Indígena do Omerê-RO. Ele também é o relator da PEC 38, que pretende submeter o processo de demarcação de terras indígenas ao Senado e limitar a dimensão das mesmas nos Estados. Sendo projetado para líder do governo, certamente os interesses anti-indígenas se sentirão fortalecidos buscando se locupletar em seus interesses nem que seja às custas do sangue, das riquezas e da vida dos povos indígenas.

Quando a esperança da "Terra Sem Males" parecia ter guarida, os males da terra avançam! Até quando?