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Jovem já nasceu marcada para morrer

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br
Autor: ANDREZZA TRAJANO
30 de Jun de 2010

A vida da jovem Waimasse de Magalhães Tavares, ao que tudo indica, seria mesmo marcada por uma tragédia. Ela escapou da morte ao nascer, na terra indígena Yanomami, mas teve sua história interrompida brutalmente 20 anos depois, por meio de uma covardia: o crime passional.

Waimasse era índia Yanomami, nascida na região de Auaris. Por ser gêmea - algumas tribos acreditam que gemelidade traz má sorte e outras que é difícil para a mãe amamentar e cuidar de duas crianças ao mesmo tempo -, ela foi escolhida para morrer pela tradição do infanticídio.

A menina foi salva pelo então servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), Manuel Reginaldo Tavares, que presenciou toda a situação. Ele tentou evitar o infanticídio e conseguiu autorização dos indígenas para criar a criança.

Ele a trouxe para Boa Vista em um avião que fazia o transporte de funcionários da Funai para a reserva. Registrou a garota com seu nome e viveu com ela até os seus últimos dias.

Segundo amigos da família, ao longo dessas duas décadas, Waimasse estudou em escolas particulares, frequentou bons lugares, viveu uma vida não-indígena cercada de muito cuidado e amor. Foi criada apenas pelo seu pai adotivo, já que a mãe adotiva, Áurea Magalhães, faleceu quando ela era pequena, tornando-se o bem mais valioso dele.

Ontem a Folha esteve na casa de Tavares para que ele relatasse a história de amor entre pai e filha que escapou da morte certa pela tradição indígena Yanomami. Mas a residência continua fechada desde que Waimasse foi assassinada a facadas. Até o vidro da janela, quebrado durante o crime, continua sem conserto. Tavares teria viajado para a casa de familiares fora do estado.

O CASO - No dia 24 de junho, a estudante Waimasse de Magalhães Tavares, 20, foi morta a facadas, dentro da casa dela, no bairro Calungá. O corpo dela foi achado por seu pai. O ex-namorado da jovem, identificado apenas por Paulo José, é suspeito do crime. Ele não aceitava o fim do relacionamento. O suspeito deve se apresentar a polícia nos próximos dias.

Este ano, cinco mulheres já perderam a vida vítimas de seus companheiros e outros tipos de agressores. Dois casos foram em menos de 24 horas. Anteontem uma mulher sofreu tentativa de homicídio. O ex-marido dela não aceitava o fim do casamento. Segundo dados da Delegacia de Defesa da Mulher, seis mulheres são agredidas por dia em Roraima.

http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=89427

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