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Jorge Viana quer ampliar limites fronteiriços do Acre

A Tribuna-Rio Branco-AC
20 de Fev de 2003

O governador Jorge Viana defendeu ontem a necessidade de um amplo debate com os governos dos estados do Amazonas e de Rondônia para rediscutir os limites fronteiriços do Acre. Municípios como Guajará, Envira e Boca do Acre, todos do Amazonas, e Extrema e Nova Califórnia, que pertencem a Rondônia, cujas populações se relacionam cultural e economicamente com o Acre muito mais que com as capitais e o poder público de seus estados, poderiam ser incorporados ao território acreano.
O governador revelou que, na semana passada, recebeu em seu gabinete, um grupo de vereadores de Boca do Acre, distante 240 quilômetros de Rio Branco, pedindo sua intercessão em Brasília para que o município amazonense fosse incorporado ao território do Acre. A mesma coisa vem acontecendo em Extrema e Nova Califórnia, cuja grande maioria da população, mesmo politicamente vinculada a Rondônia, sonha em se tornar acreana. A relação de Guajará é com a cidade de Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, enquanto a população amazonense de Envira se relaciona com o município de Feijó, e Rio Branco faz as vezes de Capital para a cidade de Boca do Acre.
Situadas ao longo da BR-364 e há cerca de 250 quilômetros de Rio Branco, Extrema e Nova Califórnia viveram sob a administração do governo do Acre até o ano de 1997, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) encerrou um litígio, que durou mais de dez anos, decidindo que as terras em que estavam os municípios pertenceriam ao Estado de Rondônia. O debate em torno das duas localidades voltou a ordem do dia com a posse do senador Siba Machado (PT-AC), que defende o retorno das duas cidades à posse administrativa do Acre.
O governador Jorge Viana acha que esse debate precisa ser ampliado por entender que o Acre e a população, que vive nos limites do Estado, são injustiçados. "Eu acho que, em relação às nossas fronteiras, o Acre não deve se preocupar com o Peru e a Bolívia, porque isso, aliás, está muito bem definido e desenhado. Mas acho que, internamente, em relação aos estados vizinhos, alguma coisa precisa ser discutida", disse. "Pode ser que esse debate dure cem anos, que essas coisas sejam definidas muito lá na frente, mas esse debate precisa ser feito".
O governador afirmou que sempre será defensor de que a divisa do Acre em relação ao Estado do Amazonas seja reformulada. "Trabalhar na Amazônia com uma linha imaginária (a chamada Linha Cunha Gomes) como divisa, não me parece certo. O seringueiro usa o limite natural, os igarapés, os rios, as florestas para separar uma colocação da outra, enquanto os governos trabalham há cem anos uma linha imaginária. Isso é uma coisa atrasada e completamente inaceitável", disse. "O único lugar em que há uma linha imaginária como divisa e de tamanha extensão é aqui no Acre. E isso eu pretendo mudar".

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