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Jobim diz que Brasil enfrentaria Farc à bala

O Globo, O País, p. 12
10 de Abr de 2008

Jobim diz que Brasil enfrentaria Farc à bala
Segundo ministro da Defesa, uma eventual invasão do país pelos guerrilheiros seria respondida pelas forças militares

Cristiane Jungblut

Ao detalhar o Plano de Defesa Nacional que está sendo elaborado pelo governo, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem que o Brasil responderia "à bala" a uma eventual invasão do território nacional por guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Ele lembrou que há batalhões militares espalhados pela Amazônia para resguardar a fronteira e que atualmente 27.236 homens estão na região, entre Exército, Marinha e Aeronáutica.
- (Seriam recebidos) à bala. Está respondido - disse Jobim, ao ser perguntado sobre como seria a reação do Ministério da Defesa diante de uma eventual invasão das Farc. - Temos batalhões para resguardar a fronteira. A forma de responder (a invasores) é a forma militar.
Política de defesa será entregue a Lula em setembro
Jobim foi incisivo ao ressaltar que não há conflitos registrados nas fronteiras e que fez visitas à região, conhecendo bem a atuação militar no local:
- O Brasil não tem problemas territoriais.
A Amazônia foi colocada como uma das prioridades por Jobim e pelo ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, dentro da política de defesa que está sendo discutida e que será entregue ao presidente Lula em setembro. Mangabeira disse que a região é uma das maiores preocupações do governo em relação à segurança: - A Amazônia não é uma coleção de árvores, é um grupo de pessoas.
Tanto Jobim como Mangabeira disseram que, dentro da nova política de defesa, estão sendo analisadas a título de estudo pelo menos seis hipóteses diferentes de uso das Forças Armadas. As hipóteses vão desde o uso dos militares em tempos de paz até a invasão por grupos paramilitares (sem citar especificamente as Farc), ou por países vizinhos, ou ainda por países militarmente superiores. Segundo Jobim, são apenas hipóteses de trabalho.
Ele ressaltou que o objetivo é definir uma política de defesa.
- Nossa posição é radical, é no sentido, inclusive, de sermos arrogantes, porque aquele que se abaixa, que se curva, acaba mostrando uma parte do corpo e pode levar um pontapé - disse Jobim.
- O Brasil é de longe o país menos beligerante na região.
Mas armemo-nos, movidos pelo ódio à guerra -acrescentou Mangabeira.
Ministro da Defesa terá encontro com Chávez
Jobim ainda revelou que na próxima semana se encontrará com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para discutir a criação do Conselho de Defesa da América do Sul. Mas negou que seja para discutir conflitos como o ocorrido entre Colômbia e Equador, afirmando que é para integração das bases de defesa e intercâmbio.
Mangabeira Unger anunciou ainda que uma das propostas em discussão na política de defesa é a manutenção do serviço militar obrigatório, mas juntamente com a criação do chamado "serviço social obrigatório". Ele argumentou que hoje apenas os mais pobres cumprem serviço militar e que o objetivo do governo é endurecer as regras para que se torne efetivamente obrigatório.
Mangabeira Unger explicou ainda que o serviço social seria feito pelos jovens rejeitados pelo serviço militar.

O Globo, 10/04/2008, O País, p. 12

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