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Japão eleva nível de alerta em Fukushima

O Globo, Mundo, p. 35
22 de Ago de 2013

Japão eleva nível da gravidade do vazamento de Fukushima

Claudia Sarmento

TÓQUIO - O Japão deu mais uma prova de que a situação na usina de Fukushima é mais grave do que se acreditava e está longe de ser controlada. A crise atingiu o nível mais crítico desde a tsunami de março de 2011, quando ocorreu o acidente nuclear. A agência que regulamenta o setor no país elevou do grau 1 para o 3 o último vazamento detectado num dos tanques de armazenagem de água da usina. A reclassificação significa que o incidente é considerado sério de acordo com a escala nuclear internacional, que vai até 7 (como foi qualificado o desastre de 2011).
Criticada por seu despreparo para emergências e por esconder informações sobre o que realmente se passa em Fukushima, a Tepco, operadora da central, reconheceu que o vazamento anunciado esta semana é o maior desde a tragédia causada pela tsunami. Cerca de 300 toneladas de água contaminada escaparam de um tanque de 11 metros de altura (com capacidade para mil toneladas), ultrapassando a barreira de concreto que cerca o reservatório. Já é o quarto tanque a apresentar problema do tipo.

O vice-presidente da empresa, Zengo Aizawa, admitiu que o material tóxico pode ter chegado ao Oceano Pacífico. Segundo a rede estatal NHK, a Tepco disse que os funcionários demoraram para perceber o último vazamento, apesar das inspeções constantes, porque o tanque não tinha um instrumento para medir o nível da água. Na quarta-feira, técnicos encontraram líquido radioativo num canal de drenagem próximo ao reservatório, indicando que a contaminação poderia estar atingindo o mar.

- Acidentes continuam acontecendo. Temos que pensar em como reduzir riscos e como impedir que a situação vire um incidente fatal - disse Shunichi Tanaka, chefe da Autoridade Reguladora Nuclear (ARN).

O chefe de Gabinete, Yoshihide Suga, considerou a situação deplorável e declarou que o governo está fazendo todo o possível para ajudar. A China se disse chocada com a ameaça radioativa e exigiu informações precisas do Japão.

AIEA oferece ajuda

Já a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) admitiu sua preocupação e ofereceu ajuda aos japoneses. A elevação do nível de gravidade do vazamento - agora definido como "incidente sério", segundo a escala de classificação de acidentes nucleares (Ines, na sigla em inglês) - precisa ser oficialmente confirmada pela AIEA.

É a primeira vez que o Japão adota a escala para emitir um alerta em Fukushima desde a catástrofe de 2011, quando um terremoto seguido de uma tsunami provocou a queda da energia na central e o consequente colapso dos sistemas de refrigeração dos reatores. Na época, o governo japonês demorou um mês para reconhecer que o acidente atingira o nível 7 da escala Ines, o mesmo registrado em Chernobyl, até hoje o mais grave da História. Cada vez que um acidente nuclear sobe de nível, significa que sua gravidade é dez vezes maior.

O Globo, 22/08/2013, Mundo, p. 35

http://oglobo.globo.com/mundo/japao-eleva-nivel-da-gravidade-do-vazamen…

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