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IV CONFERENCIA NACIONAL DE SAÚDE INDÍGENA SOB CONTROLE

BOLETIM ELETRÔNICO DA SAÚDE Ano I, Nº 01, Outubro de 2005. DISTRITO SANITÁRIO ESPECIAL INDÍGENA DO ALTO SOLIMÕESDISTRITO
01 de Out de 2005

Durante a "Re-Pactuação" perguntamos aos três funcionários acima citados se seria normal a indicação de pessoas que não eram conselheiros distritais ou locais para a oficina de capacitação de multiplicadores para a IV Conferência Nacional de Saúde Indígena.
Disseram-nos que a oficina não era exclusiva para conselheiros, mas não nos convenceram de que seriam justas as participações do chefe do distrito e do cunhado do presidente do conselho distrital.
Posteriormente, soubemos que essas duas pessoas ocuparam as vagas que deveriam pertencer aos conselheiros dos municípios de Benjamin Constant e de São Paulo de Olivença, justamente, onde está concentrada a maioria das aldeias e dos caciques tikunas no Alto Solimões.
Em função disso, as etapas locais, onde são elaboradas propostas e escolhidos delegados para a IV CNSI, estarão controladas por pessoas que se destacam por agirem sempre em benefício próprio e por ignorarem a situação de abandono em que vivem os seus próprios parentes.
Osvaldo Honorato Mendes, cunhado do presidente do Conselho Distrital, é responsável pela organização de, pelos menos, quatro reuniões locais, apesar de não ser conselheiro, enquanto Aldemício Susana Bastos, de outras três.
O primeiro foi fundador da Organização Torü Ma'ü (Nossa Saúde), que teve o convênio 034/01 (OTM/Funasa) interrompido antes do tempo em função do "desaparecimento" de 100 mil reais da própria conta bancária. Com a ajuda de políticos locais criou uma nova organização (Indassis), que está sendo cogitada para assumir um convênio com a própria Funasa na área de saúde bucal.
O segundo exerce o terceiro mandato como vereador na cidade de Benjamin Constant onde também já foi vice-prefeito, na gestão de um conhecido madeireiro regional. Raramente participa das Sessões da Câmara Municipal. Tentou fundar três associações. Sem sucesso resolveu criar uma federação de associações (Foccit) que, há mais de três anos, não promove assembléia.
Os dois participaram da recente articulação que produziu uma ata falsa - na qual a Funasa era instada a afastar o CGTT da gestão do DSEI-AS - que foi parar no Desai e circulou nas mãos da funcionária Isaudina de Paula e do Sr. Padilha.
Atualmente, nos vemos diante de uma outra manobra, mais absurda que a anterior e que expõe um lado bastante sombrio de determinadas pessoas que chegam a declarar que atuam em benefício da saúde indígena.
A primeira reunião da etapa local aconteceu, como era de se esperar, na área de influência do Sr. Osvaldo Honorato Mendes, contou com a participação de servidores da Funasa/Brasília e, segundo opinião da servidora Renata Camargo, "foi muito boa e produziu bons resultados".
A funcionária Renata é a mesma que esteve no Alto Solimões para impor aos índios um chefe para o distrito reconhecidamente hostil a eles e que, noutra ocasião, havia declarado que a "organização (indígena) tem que vir a reboque do chefe do distrito".
E, no dia 01/10, foi ela quem reagiu hostilmente quando a enfermeira-Coordenadora Técnica do DSEI-AS pediu-lhe informações sobre como obter globulina para uma criança recém-nascida de mãe tinha hepatite B.
Ela está acompanhando de perto as etapas locais da CNSI e, dessa maneira, pretende assegurar-se de que a escolha de delegados e a aprovação de propostas expressem o seu desejo de destruir a gestão do CGTT no distrito e de conservar as práticas preconceituosas e autoritárias de uma espécie de servidor público que se move por diárias de campo.
Para justificar a sua prolongada permanência no AS acontece uma capacitação sobre hepatites, embora as palestras sejam dadas em espanhol por uma médica hondurenha, que utiliza slides para "capacitar" mais de 120 índios do Vale do Javari (kanamaris, marubo, mayoruna e matis) que não compreendem nem falam o português e/ou o espanhol.
Cerca de 120 índios, entre mulheres com filhos no colo, crianças e homens, no auditório de um hotel da cidade de Tabatinga, durante 15 dias aprendendo a lidar com a hepatite a partir da observação de slides sobre células sanguíneas pode render material para volumosos relatórios ("produtos"), mas, certamente, não é uma justificativa convincente para a presença da socióloga Renata no AS.

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