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ISA lança "bíblia" sobre a questão indígena no Brasil

Site do ISA -Socioambiental.org-São Paulo-SP
22 de Mar de 2001

Em abril, mês em que se comemora o Dia do Índio (19), o Instituto Socioambiental (ISA) lançará em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, o livro Povos Indígenas no Brasil 1996/2000

Retrato fiel do que aconteceu com os indígenas brasileiros nos últimos cinco anos, a publicação é fruto do trabalho de uma equipe de pesquisadores-editores do ISA, coordenada por Fany Ricardo e de mais de 200 colaboradores voluntários. Este volume, que contou com o especial apoio do Programa Norueguês para Povos Indígenas (DNUP) da agência norueguesa de cooperação (Norad), vem dar continuidade a uma série iniciada em 1980 e mostra, mais uma vez, que para o ISA, todo dia é dia de índio.

Lançamentos
02/04/2001 – Livraria FNAC Pinheiros, em São Paulo, às 19h
Av. Pedroso de Moraes, 858 – Pinheiros
Na data, haverá uma exposição de fotos. Durante o mês, às quintas, sextas e sábados, no horário do almoço, serão apresentados vídeos sobre o tema.

03/04/2001 – Bar-restaurante Carpe Diem, em Brasília, às 19h
SCLS 104 – Bloco D – Loja 01
Na data, haverá o lançamento simultâneo do livro Os Brasileiros e os índios, de Márcio Santilli, Editora SENAC (SP).

10/04/2001 – Livraria Argumento, no Rio de Janeiro, às 20h
Rua Dias Ferreira, 417 – Leblon
Na data, estará em exposição o material didático que compõe o Projeto Formação de Professores Indígenas do Parque do Xingu. São livros de texto produzidos em oficinas realizadas entre professores indígenas e assessores do Instituto Socioambiental.

17/04/2001 – Parque Municipal do Mindu, Manaus, 17h30
Rua Perimetral, s/n, esquina com a rua D. João VI – Parque Dez.
No mesmo dia e local, às 15h, haverá mesa-redonda sobre o tema Geopolítica, fronteiras e territorialidade, com a participação de Beto Ricardo, editor responsável da publicação.

Em todos os eventos, o ISA dará continuidade à sua campanha de filiação.

Informações abrangentes

Em 832 páginas, que contêm 81 artigos, 1713 notícias resumidas, 27 mapas, 270 fotos e ainda documentos avulsos, grafismos e quadros, o leitor encontrará um resumo comentado das políticas indigenistas oficiais e não governamentais, e da política propriamente indígena.
Em oito capítulos temáticos e 18 capítulos regionais estão reunidas informações qualificadas e abrangentes sobre a situação jurídica e de fato das terras indígenas, dos conflitos, da demografia (216 povos indígenas que somam cerca de 350 mil pessoas), das línguas e da legislação. Aborda também temas afins como por exemplo, a construção de hidrelétricas, interesses minerários, garimpos, construção de estradas e grandes projetos governamentais, que acabam se sobrepondo às questões indígenas.

Homenagens póstumas

Nesse tempo, o Brasil perdeu antropólogos, indigenistas e lideranças indígenas. Por seu trabalho, dedicação e pelas parcerias que fizeram, o ISA lhes presta justa homenagem. Entre eles estão Darcy Ribeiro, Aracy Lopes da Silva, Berta Ribeiro, Virgínia Valadão, Claudio Villas-Boas, Ezequias Heringer (Xará), Prepori Kaiabi, Bepgogoti Mekragnoti e Krumare Metuktire.

500 Anos, capítulo à parte

A propósito dos chamados 500 anos do Descobrimento, os lamentáveis episódios ocorridos em Porto Seguro, durante as comemorações oficiais, estão devidamente registrados. Em contrapartida, o tema resultou em um capítulo especial reunindo doze narrativas indígenas sobre a origem do mundo, a chegada dos brancos e o descobrimento. Sob essa ótica emergem versões reveladoras. Eis algumas frases extraídas desses depoimentos:
Os índios são anteriores aos brancos, na ordem do parentesco e na ordem do território.
Os brancos nunca pensam nessas coisas que os xamãs conhecem, é por isso que eles não têm medo. Seu pensamento está cheio de esquecimento. Eles continuam a fixá-lo sem descanso em suas mercadorias, como se fossem suas namoradas.

As boas notícias

Nesses quatro anos, os destaques positivos foram muitos. Confira:
- a continuidade do crescimento global da população indígena;
- o significativo avanço no reconhecimento oficial e na demarcação das terras indígenas;
a diferenciação e a descentralização dos serviços de atendimento à saúde e à educação escolar;-
a projeção crescente das organizações indígenas no chamado mercado de projetos;
o desengavetamento do Estatuto das Sociedades Indígenas;
o avanço da tramitação no Senado da ratificação da Convenção 169 da OIT (foi o primeiro instrumento internacional a tratar de temas básicos como o direito dos povos indígenas de viverem e se desenvolverem como povos diferenciados, de acordo com seus próprios padrões);
a decisão histórica do RF que obriga a União a indenizar os gigantes Panará pelos danos causados depois do contato;
- a visão positiva que os brasileiros têm dos índios.

As más notícias

Também houve muitos destaques negativos, tais como:

pelo menos 12 povos estão na linha vermelha da extinção demográfica e 3% da população araweté, povo tupi que vive no médio Xingu (PA), morreu de catapora por não ter sido vacinada previamente no final de 2000;
a ocupação predatória em torno do Parque Indígena do Xingu cresceu, ameaçando a sustentabilidade da terra indígena mais consagrada do país;
a não-demarcação pelo governo federal da Terra Indígena Raposa-Serra Sol (RR) diante de pressões políticas locais;
a polêmica entre conservacionistas e indigenistas, que, em vez de discutir a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais, disputam em bravatas de salão primazias antagônicas a respeito de áreas sobrepostas, fazendo o jogo corporativista das burocracias ditas competentes;
a ausência de uma política indigenista oficial compatível com que o que foi estabelecido pela Constituição de 1988, propiciando sobrevida à Funai, que em 33 anos de existência está no vigésimo-sétimo presidente.

Ficha técnica

Povos Indígenas no Brasil 1996/2000
Editor responsável: Carlos Alberto Ricardo
Publicado pelo Instituto Socioambiental, São Paulo, 2000
Preço de Lançamento: R$ 52,00

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