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Irmã Auristela, uma vida dedicada à saúde dos índios

Folha de Boa Vista
22 de Out de 2007

A catarinense Auristela Stinghen, diretora da Casa de Saúde do Índio, chegou a Roraima depois de uma rápida permanência no interior de São Paulo, lá pelos meados de 1969, quando não existiam estradas ligando o interior à Capital e microscópio era equipamento de luxo.

Bisneta de alemães e italianos, jovem e bonita, trazia em sua bagagem o diploma de enfermagem, sua generosidade, a coragem e o ideal de fazer o bem ao próximo, aprendizado de vida sedimentado na formação religiosa que recebeu.

Para diagnosticar os casos de malária, a freira coletava o sangue do paciente e ficava esperando um monomotor aparecer no céu. Quando o barulho do avião cortava o silêncio da mata, todos corriam e sinalizavam com um lençol para que aterrissasse.

O avião trazia as lâminas com sangue para serem examinadas em Boa Vista. O resultado chegava pela voz do locutor do programa "Recado para o interior", que a irmã ouvia toda noite, grudada no antigo aparelho de rádio.

Durante seis anos, irmã Auristela trabalhou praticamente sozinha no hospital do Surumu, a 210 quilômetros da Capital Boa Vista. Fazia de tudo: de partos à assistência a doentes de malária. Naquela época, o hospital era a unidade de saúde mais próxima para as comunidades indígenas da região, onde hoje vivem cerca de 2.300 índios das etnias Macuxi, Wapixana e Taurepang.

Em 1990, lá foi irmã Auristela cuidar dos índios da região do Catrimani, onde o convívio com os índios resultou em aprendizado. É fluente em Yanomami, um dos quatro dialetos do povo Yanomami, e foi uma das responsáveis pela implantação dos programas de imunização e de medicina preventiva naquela área indígena.

Quase quatro décadas depois, irmã Auristela Stinghen - religiosa da missão italiana Consolata - assumiu a diretoria da Casa de Saúde do Índio de Roraima e é o que se pode chamar de memória viva da saúde indígena do Estado.

Comandando com doçura a Casa do Índio desde 1999, a freira confessa que a assistência à saúde indígena deu um salto de qualidade para a formação dos Agentes Indígenas de Saúde e para o programa de imunização. "Colaborar na restituição da vida é gratificante", resume irmã Auristela.

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