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Instituição cobra solução definitiva para o garimpo ilegal na reserva dos cinta-larga

Radiobrás-Brasília-DF
Autor: Hugo Marques
10 de Mai de 2004

Mércio Pereira, presidente da Funai: "Não sei se eles podem ser presos por esse conflito"

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, acredita que as mortes de garimpeiros dentro da reserva Roosevelt possam levar à redução da entrada de estranhos na terra indígena, no sul de Rondônia. Os índios são apontados pela própria Funai como os responsáveis pelas mortes. Os corpos dos garimpeiros começam a ser retirados hoje da reserva.

- Agora as coisas vão se apaziguar. Há uma posição de trincheira. Os índios ficam do seu lado e os garimpeiros noutro - avaliou Mércio Pereira.

Segundo informações repassadas ontem pelos técnicos da Funai, há entre 20 e 24 corpos na reserva indígena. Outros três foram retirados semana passada. As equipes abrem uma clareira no meio da floresta para a descida do helicóptero que vai resgatar os corpos.

- Espero que esse incidente seja o desfecho de todas as dificuldades que os cintas-largas vêm sofrendo - afirmou Mércio.

O presidente da Funai acredita que seja legítima a reação dos índios para retirar invasores de suas terras. Os índios estão defendendo seu território, demarcado e homologado pela União, diz

- Quando você é atacado em sua casa, você tem direito à sua proteção, não tem? Então, acho que tem este aspecto de defesa do seu território, de defesa da sua dignidade, da sua cultura, da sua vida autônoma.

A Funai está mantendo contato com outras áreas do governo para encontrar uma solução definitiva para o garimpo ilegal na reserva dos índios cinta-larga. Mércio está sugerindo ao Ministério de Minas e Energia que encontre uma outra área para acomodar os garimpeiros.

- Em outra província mineral, que tenha nessa região do oeste de Mato Grosso e Rondônia.

Em operações consecutivas, a Funai e a Polícia Federal já conseguiram retirar mais de 4 mil garimpeiros da reserva Roosevelt nos últimos anos. Teriam restado entre 500 e 600 homens explorando diamantes. Segundo Mércio, há muita gente ''insuflando'' garimpeiros pobres para que explorem diamantes na reserva.

O presidente da Funai lembra os consecutivos ataques dos brancos aos índios cinta-larga. Em 1963, após o ''massacre do paralelo 11'', a comunidade cinta-larga começou a ser reduzida de 5 mil para 1,3 mil índios. A partir de 1967, foram feitas novas investidas de madeireiros na reserva. Houve até assentamento da reforma agrária dentro da área indígena que o governo retirou.

Mércio afirma não saber se os índios poderiam ser punidos pelas mortes dos garimpeiros.

- Não sei se podem ser presos por esse conflito. Se for um conflito que seja consignado como defesa do território, defesa de propriedade, de seus direitos, então aí, não sei se vai ter julgamento nesse sentido.

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