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Inércia do ICMBio e do Governo do Estado trava criação de Reserva no Croa

Portal JuruáOnline - www.juruaonline.com.br
Autor: Leandro Altheman
19 de Jan de 2010

Beleza e biodiversidade. Palavras que ainda não descrevem com precisão a Bacia do Rio Croa. Um passeio de barco por suas águas calmas coloca o visitante em contato com um dos locais mais ricos em espécies vegetais e animais em todo o planeta. A sensação de conto-de-fadas é reforçada pelas plantas aquáticas que enfeitam o Croa. Mas toda essa beleza contrasta com a vida difícil dos moradores, que até hoje são apenas posseiros em suas áreas e acabam sem os direitos aos quais a maioria das pessoas têm acesso. Por exemplo, o Programa Luz para Todos ainda não chegou ali.

A predominância das áreas de várzea tornam a região pouco propensa para a atividade agropecuária. Uma proposta para a mudança dessa realidade surgiu com a proposta da criação de uma Unidade de Conservação no Rio Croa. Em tese, a unidade poderá trazer benefícios aos moradores e, ao mesmo, conservar a Floresta em pé. Um dos defensores dessa proposta é o ativista Davi Nunes de Paula. 'Ele critica a inércia na qual o processo de criação da Reserva entrou. 'O Estado requereu essa área do IBAMA para transformar numa unidade de conservação estadual... o IBAMA, até o ano passado agora, oficialmente não tinha entregue para o Estado... na verdade a gente não sabe como é que está... já foi gasto tanto dinheiro, já foi feita tanta coisa, e até agora, infelizmente, essa Reserva não saiu'', lamenta Davi.

Nas mãos do Estado

O processo de criação da Reserva chegou a ser iniciado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. De acordo com o técnico ambiental Figueiredo, que trabalha no escritório de Cruzeiro do Sul do ICMBio, ''em algumas reuniões no beiradão do Rio, a comunidade não teve muita boa vontade de aceitar a criação da Reserva Extrativista... isso no Juruá... se tratando no Rio Valparaíso, a comunidade toda aceitou''. O técnico informa que também foi realizada uma Consulta Pública na qual as comunidades do Juruá não aceitaram a criação da Reserva, enquanto as comunidades do Valparaíso aceitaram a implantação de uma unidade de conservação. ''O Estado preferiu assumir... e puxar a criação da Reserva Extrativista para o Estado, tendo em vista que se fosse tratar de criação por parte do Governo Federal ia demorar mais tempo... enquanto o Estado seria mais rápido, criaria mais rápido uma Reserva Estadual... sendo assim nós preferimos ficar fora'', relata Figueiredo.

Interesse para a Pesquisa

Uma das maiores interessadas na criação da reserva é a Universidade Federal do Acre, por tratar-se de uma área de grande interesse para a pesquisa biológica. Para o professor Marcus Athaydes, do curso de Ciências Biológicas, o asfaltamento da Variante vai deixar o Campus Floresta do lado do Croa, o que facilitaria as aulas de campo: ''essa de questão de proximidade, de facilidade de acesso é uma vantagem imensa para nós aqui no Campus, ter uma área de pesquisa lá.. acho que o Croa tem um potencial imenso'', afirma Marcus.

Desânimo dos moradores e resposta do Estado

Segundo os moradores, desde que o processo passou para o Estado há poucas informações sobre o andamento da situação. Para Edelson de Melo Silva, ''... a gente mora aqui... todo o interesse é nosso... acho que a gente merecia saber...''. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente argumenta que todo o levantamento que cabia ao Estado fazer já foi realizado e agora o processo está com o INCRA, responsável pela regularização fundiária. Enquanto isso, os moradores cada vez mais desanimam do sonho e se sentem enrolados.

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