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Índios xucuru desocupam sede da Funai em Recife

Radiobrás-Brasília-DF
Autor: Márcia Wonghon
21 de Mar de 2006

Índios da tribo Xucuru concordaram em desocupar o pátio da sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) na capital pernambucana, após reunião com o administrador da instituição, Manoel Barros, e a superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Maria de Oliveira.

Os índios reivindicam a posse da fazenda Jardim Jatobá, localizada no município de Pesqueira, a 273 quilômetros de Recife, desapropriada pelo Incra na semana passada, para instalar um assentamento com 128 famílias de trabalhadores ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

O grupo de 200 indígenas, incluindo mulheres e 40 crianças, está acampado desde ontem (20) no pátio da sede da Funai e deverá retornar para Pesqueira ainda na noite de hoje. O líder do Conselho dos índios Xucuru, Expedito Cabral, conhecido como Biá, informou que tem como provar, por meio de documentos, que o imóvel rural seria adquirido pelo Incra e repassado à Funai para assentar 300 famílias indígenas.

"Estamos morando em casas alugadas na cidade de Pesqueira há três anos, vivendo com dificuldades por causa de um conflito ocorrido entre tribos da mesma etnia, quando perdemos tudo e não recebemos nenhuma indenização. Nossa esperança era essa fazenda e mais duas que estavam prometidas, a Santa Helena e a Jardim, que somam 4.600 hectares", contou Cabral. Ele acrescentou que longe da aldeia os índios estão perdendo a identidade cultural e enfrentado problemas sociais.

A superintendente do Incra explicou que a terra em questão foi pleiteada pelo MST desde 1999 e não está dentro da área de demarcação indígena. "A fazenda Jardim Jatobá não é território indígena.Temos um documento oficial do Ministério da Justiça e da Funai que nos autoriza a destinar essa área ao MST. Já criamos o projeto de assentamento e colocamos trabalhadores para plantar na terra", disse. A confusão, segundo ela, foi causada pela desinformação.

Entre as alternativas apresentadas para resolver o problema, Maria de Oliveira citou os processos de desapropriação de sete imóveis rurais, também em Pesqueira, solicitados pela Funai para assentar povos indígenas. Ela assegurou que as áreas totalizando 1.190 hectares, já desocupadas, devem ter os processos de imissão de posse concluídos até o final de abril. Uma nova reunião ficou agenda para tratar do assunto, no dia 28 de abril, na sede da Funai.

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