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Índios Xikrin introduzem manejo sustentável no Pará

Folha do Amapá, p. 11
01 de Jul de 1995

Índios Xikrin introduzem manejo sustentável no Pará

Os ministros do Meio Ambiente, Gustavo Krause, e da Justiça, Nélson Jobim, receberam no dia 14 de junho, das mãos de lideranças Kaiapó Xikrin do Cateté, um plano de manejo sustentável para os recursos madeireiros da área indígena Xikrin do Cateté, encravada entre os rios Xingu e Araguaia, no chamado cinturão do mogno, Pará. Elaborado ao longo de quatro anos, a proposta pretende quebrar o ciclo de exploração predatória de empresas madeireiras que atuam na região, viabilizando o uso sustentável dos recursos naturais da área pelos índios.
O documento é apenas parte de um projeto mais ambicioso, cujo fim é a conservação e a utilização econômica sustentável do patrimônio natural dos Xikrin do Cateté. Derivado de um detalhado inventário florestal, realizado pela comunidade em parceria com o Instituto Socioambiental, de São Paulo, e o Departamento de Engenharia Florestal da ESALQ/USP, o plano introduz técnicas de manejo inéditas no Brasil, emprestadas da experiência de outros países tropicais, como a Costa Rica.
O objetivo é explorar madeiras nobres em apenas 44 mil hectares (10% do território indígena), durante um período mínimo de 30 anos. Pretende-se, em sistema de rodízio, utilizar faixas de terras entre mil e 1,5 mil hectares. A produção está estimada em 4 mil metros cúbicos por ano. A administração dos recursos e comercialização dos produtos ficará a cargo da Associação Bep-Noi, criada pelos índios para gerenciar o projeto.
O plano de manejo é a alternativa econômica que os índios encontraram para garantir sua independência em relação ao modelo de exploração ilegal conduzido pelas madeireiras. Demarcada em 1981, a área indígena Xikrin do Cateté passou a sofrer invasões de empresas madeireiras a partir de 1989. Em 1992, os Xikrin resolveram dar um basta na situação: expulsaram as empresas de suas terras e entraram com um processo indenizatório contra elas na Justiça Federal.

Folha do Amapá, 01-07/07/1995, p. 11

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