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Índios Xerentes libertam os reféns em Tocantínia

Folha Popular - Palmas - TO
16 de Fev de 2001

As seis pessoas foram liberadas depois de acordo com a Funai.

Os reféns aprisionados pelos índios Xerente, na aldeia Paraíso, em Tocantínia, a cerca de 70 km de Palmas, foram libertados no final da tarde de ontem, após acordo com representantes da Funai. O seqüestro aconteceu na tarde de quarta-feira, às margens do Rio Preto, quando faziam a coleta de material para análise ambiental.

Os dois consultores da Unesco, George Caldas e Osorito Ulisses; o técnico do Naturatins Eduardo Resende Queiroz; o biólogo Augusto Almeida e o engenheiro ambiental Juarez Pereira Silva, bem como o motorista José Assunção, esses últimos funcionários de uma empresa que presta serviço para a Investco, foram liberados depois que a Funai se comprometeu em dar continuidade aos projetos ambientais programados para a região. A conversa aconteceu durante uma reunião entre o líderes indígenas, representantes da Funai e o procurador-geral da República no Tocantins, Mário Lúcio Avelar, realizada na sede do Ministério Público Federal (MPF), em Palmas.
Durante toda manhã e parte da tarde de ontem, mais de 60 índios, representantes da Funai de Gurupi e da Fundação Nacional de Saúde, e o procurador-geral da república, estiveram reunidos na sede do MPF a fim de definir a situação, já que a nação Xerente se mostrava irredutível em relação a liberação dos reféns, enquanto não tivessem a garantia de continuidade dos projetos. De acordo com o cacique da Aldeia Paraíso, Belnardino Xerente, "o sequestro foi para pressionar a Investco a liberar os recursos para o Plano de Manejo Ambiental. "Quando vimos que a empresa tinha enviado pessoas para fazer análise da água dS'dois rios na nossa reserva, achamos que era conveniente a~risioná-los até que a situação se resolvesse", confessou.
.O chefe do departamento de Patrimônio Histórico Indígena e Meio Ambiente, de Brasília, Wagner Pereira Sena, falou ontem à reportagem do jornal Folha Popular que havia ficado definido que a Investco repassaria os recursos e a Funai cuidaria do detalhamento dos projetos. "A empresa responsável pela construção da Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães, em Lajeado, se negou a fornecer a verba",
declarou. Apesar disso, ele garante que a Funai vai dar continuidade ao desenvolvimento dos projetos ambientais nas 34 aldeias Xerentes. Com relação ao repasse de recursos, o administrador executivo regional da Funai de Gurupi, Gilson Garcia Nunes, esclareceu que o órgão vai elaborar e detalhar os projetos, bem como arcar os custos, para assim evitar o impasse na liberação dos reféns. "
Assumimos as despesas para a elaboração dos projetos, o Ministério Publico condena, mas agimos assim para evitar o conflito e as pessoas fossem libertadas", disse. Investco De acordo com o vice- presidente da Investco, João Carlos Rela, a empresa ficou responsável pela execução dos projetos. "Nós ficamos responsáveis em por em prática os programas, a Funai ficou responsável para elaborar os projetos ambientais", disse ele.
O gerente-ambiental da Investco, Joaquim Cardoso Lemos, informou ainda que a empresa já destinou
R$ 146 mil para três projetos, e na medida em que sejam entregues os demais, eles vão ser executados. "Nós vamos ajudar a Funai a eleborar os projetos liberando os recursos para isso", disse Cardoso. Projetos Os projetos ambientais que já deveriam estar sendo desenvolvidos numa área da reserva Xerente que será atingida com a construção da Usina Luiz Eduardo Magalhães, em Lageado, estão divididos em 16 subprojetos. Entre os programas a serem desenvolvidos estão os da área de cultura e cidadania; integridade territorial ; segurança alimentar e geração de renda; e saúde e educação.

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