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Índios Xerente se organizam e investem em agricultura

Site da Funai
07 de Jun de 2004

A barragem do Lageado, no estado do Tocantins, cortou ao meio a terra indígena Xerente, mas abriu também uma alternativa econômica que poderá servir de modelo para outras etnias que, eventualmente, venham a ter parte de suas terras inundadas por lagos de hidrelétricas que estão sendo construídas ou planejadas em diversos pontos do país. É o Programa de Compensação Ambiental Xerente, o Procambix, criado para reduzir os impactos ambientais com a construção da represa e oferecer aos povos indígenas Xerente uma oportunidade de melhoria de vida.

O programa já contemplou 60% das famílias de uma etnia que rapidamente saiu de uma população de 1.300 habitantes, em 1992, para 3.100 no começo deste ano. Em sua primeira etapa o programa orientou lideranças Xerente e seus clãs a executar projetos agrícolas com plantios mecanizados de arroz, milho e mandioca, numa área de 390 ha e a criar um banco de proteínas a partir do melhoramento genético de galinhas caipiras, e, em breve, da pecuária bovina. Dois anos após o início do programa, 460 famílias contempladas já possuem um total de 3.600 galinhas rustificadas. A supervisão técnica do programa é de responsabilidade do agrônomo Darlúcio Veras Parrião, servidor da Funai.

Tradição - Durante o seu Dasipsê, ou "festa do Xerente", que começou no final da semana, e se prolonga por um período de 20 dias, os Xerente têm mais um motivo para comemorar suas tradições, sua cultura e seus costumes: a colheita de 585 t. de arroz, ou 11.700 sacas de 50 kg; 84 t. de milho, que equivale a 1.680 sacas de 50 kg; e 1.600 t. de mandioca extraídas de roças mecanizadas.

O Procambix, que prevê uma pauta de atividades para 10 anos, também contempla atividades culturais, educacionais e ecológicas. Uma das expectativas dos índios é a construção da Casa de Cultura Xerente, que está prevista dentro das ações do Procambix. "Este é um programa inédito, porque gerenciado pelos próprios índios e sua coordenação, em parceria com a Funai, mostra que quando se quer fazer algo com seriedade, são as comunidades que saem ganhando", destacou o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, durante visita a várias aldeias Xerente na primeira semana de junho.

O programa funciona sob a supervisão da Funai e de um comitê gestor formado por representantes do Ibama, Ministério Público, da empresa que construiu a barragem e do conselho indígena dos Xerente. "Se todos os programas da iniciativa privada montados para beneficiar povos indígenas contassem com o nível de organização do Procambix poderíamos dizer que realmente estamos numa fase de mudança de mentalidade empresarial", observou o presidente.

Reivindicações - Lideranças Xerente que receberam o presidente da Funai na manhã do dia 2 de junho, em Pin Xerente, a 100 Km de Palmas (TO) o saudaram em sua língua nativa e em seguida apresentaram vários pedidos para a comunidade. As principais queixas dos indígenas estão relacionadas às áreas de saúde e educação e problemas administrativos. Os caciques se queixaram do atendimento médico prestado pela Funasa e confirmaram que na região ainda são os funcionários da Funai que atendem os índios.

O presidente da Funai anunciou na ocasião a criação de uma Coordenadoria Geral de Saúdem, para acompanhar o trabalho da Funasa e melhorar o nível de atendimento à população dos povos indígenas em todo o Brasil. Na área de educação, Mércio Pereira Gomes, escutou dos índios vários pedidos de bolsas de estudo e disse que o caso das aldeias Xerente será analisado pela Funai. Mércio, que completou nove (9) meses no cargo, no dia 7 de junho, é o terceiro presidente a visitar o povo Xerente.

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