VOLTAR

Índios voltam a invadir fazenda

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Antonio Viegas
16 de Jan de 2003

BRIGA POR TERRA - Ontem a Justiça Federal de Dourados autorizou o enterro do cacique Marcos Verón na propriedade rural, em Juti

A juíza federal em Dourados, Luciana Melchiori Bezerra, permitiu o sepultamento do líder guarani Marcos Verón, na Aldeia Taquara, localizada dentro da Fazenda Brasília do Sul, área que está sendo reivindicada pelos indígenas. O cortejo, depois de o corpo ter ficado em poder da família por mais de 48 horas, seguiu numa estrada vicinal mais de 30 quilômetros escoltado por viaturas da Polícia Federal, e o cacique foi enterrado por volta das 13h. Os indígenas, ao chegarem com o corpo à propriedade, anunciaram que vão permanecer ali e já começaram a montar seus barracos.
O corpo de Verón estava previsto para sair do acampamento em direção à fazenda por volta das 10h da manhã de ontem. No entanto, o veículo da funerária demorou a chegar e os índios encarregaram-se de levar o caixão em uma caminhonete. O carro funerário conseguiu chegar muito tempo depois, quando eles já estavam na estrada em direção à Brasília do Sul, tendo sido feita a troca de veículos. A autorização para o sepultamento na fazenda só chegou também no momento em que o cortejo seguia para a área.
Representantes de todas as aldeias da região, bem como de Aquidauana, além de coordenadores de entidades ligadas aos índios, acompanharam o enterro. Vários ônibus com indígenas de todos os municípios vizinhos chegaram no momento do sepultamento e, após depositarem o corpo numa cova aberta pela própria comunidade, reuniram-se para um ritual. Em seguida eles conversaram com as autoridades presentes para saberem dos procedimentos a partir de agora, principalmente em relação ao processo de demarcação da fazenda.
Os procuradores da República Charles Stevan Pessoa e Ramiro Rockenbach, que entraram com o pedido junto à Justiça Federal de autorização do sepultamento, participaram de todo o cortejo e ainda foram os que desceram com o caixão onde estava o corpo de Verón até a cova. Charles Stevan comentou que, agora, a situação pode se inverter em relação à identificação das terras como área indígena.
Em 2001, os índios perderam o direito de ficar nas terras por terem cometido atos de violência contra funcionários da fazenda, mas não houve morte nem feridos e a situação, agora partiu do outro lado, mas com essa agravante.
A filha do líder guarani Dirce Verón disse que a comunidade não vai mais sair do local, mesmo porque Marcos está enterrado na área. Ela foi além, dizendo que a luta agora é para trazer seus dois irmãos, mortos em acidente há mais de dois anos, que foram enterrados na fazenda. Em 2001, assim que foram expulsos da área, os dois corpos foram desenterrados sem autorização da família e levados para o cemitério de Juti. Em relação a esse fato existe processo na Justiça, no qual o proprietário da Fazenda, Jacintho Honório da Silva, estaria sendo apontado como responsável

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.