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Índios Uru-Eu-Wau-Wau expulsam posseiros de suas terras

Site do ISA -Socioambiental.org-São Paulo-SP
Autor: Ricardo Barretto
04 de Jul de 2001

Após ação de desintrusão promovida pela Funai, Ibama,
Ministério Público Federal e Polícia Federal, em maio,
na qual foram retirados 80 posseiros da Terra Indígena
Uru-Eu-Wau-Wau (RO), a área foi novamente invadida e os
índios decidiram expulsar um grupo de acampados.

No último sábado, dia 30 de junho, índios Uru-Eu-Wau-Wau forçaram a saída de 20 posseiros acampados na parte norte de suas terras, localizadas no município de Monte Negro, região central de Rondônia. O alerta foi dado pela Associação de Defesa Etno-Ambiental Kanindé, de Rondônia. Renato Ulhôa, agrônomo que trabalha na Associação, conta que a expulsão foi motivada pela insistência dos posseiros em ocupar o local, mesmo depois da ação conjunta de desintrusão promovida em maio pela Funai, o Ibama, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

Durante todo o mês de maio, foram retiradas cerca de 80 pessoas das terras dos Uru-Eu-Wau-Wau, que totalizam 1.867.177 ha. Entretanto, logo que as forças oficiais deixaram a região, os posseiros retornaram. Assim, a situação na área permanece tensa, com invasões e desocupações que se arrastam há anos.

Armados com arco-e-flechas e espingardas, os índios desfizeram o acampamento, que era considerado central para a ação dos posseiros. É que, mantendo suas famílias em outros acampamentos dentro da terra indígena (TI), eles pretendiam derrubar a mata e fazer lotes para erguer cabanas e abrir lavouras. Não houve violência na ação.
Segundo Orlando Castro Silveira, administrador da Funai em Porto Velho, os posseiros acreditam que promovendo benfeitorias nas terras podem conseguir respaldo jurídico para o deferimento de uma ação de reintegração de posse, que está em julgamento. A ação é movida pela Associação Curupira Rural, cujo diretor, Noel Bispo, já foi retirado quatro vezes da área indígena.

Renato Ulhôa explica que a questão é bastante complexa. Ele afirma que os posseiros são incitados por madeireiros, proprietários de terra e políticos locais, que sempre promoveram invasões na área e estimulam as ocupações como forma de retirarem madeira e abrirem pastos. Para legitimar suas ações, alguns posseiros argumentam que as terras que ocupam fazem parte do projeto Burareiro. Localizado dentro da TI, o Burareiro é um assentamento para 60 agricultores, que foi estabelecido pelo Incra há cerca de 20 anos, ignorando a interdição da área pela Funai. Desde então, os conflitos na região são constantes. Recentemente a Funai tentou um acordo com o Incra, sem sucesso, e agora deve entrar com uma ação contra os assentados para retirá-los do local.
Após a expulsão promovida pelos Uru-Eu-Wau-Wau, a Funai programou um sobrevôo de helicóptero para o reconhecimento das áreas que ainda estão invadidas e que sofrerão novo processo de desintrusão.

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