VOLTAR

Índios trabalham em usina

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: Darci Debona
12 de Dez de 2001

Os Kaingang atuam como serventes de pedreiro

Os índigenas do Oeste catarinense já freqüentam universidades e constroem até usinas hidrelétricas. Dos 700 funcionários que trabalham na Usina Quebra-Queixo, de Ipuaçu a São Domingos, entre 20 e 30 são indígenas, segundo o gerente de contrato André Carneiro Wilhelm.
A maioria está na função de servente, mas existem também alguns motoristas. Um dos exemplos é o Kaingang José Fernandes, da Aldeia Pinhalzinho, em Ipuaçu. Ele trabalhava na roça plantando milho e feijão, além de criar gado e galinhas.
Como o trabalho na agricultura não estava dando muito retorno, ele aproveitou a oferta de trabalho na usina. "Aqui a gente entra só com o serviço. Não precisa gastar com insumos", respondeu Fernandes.
Além de não ter custo nenhum, Fernandes recebeu uniforme novo, tem três refeições diárias na obra, assistência médica, cesta básica e treinamento. Com os cerca de R$ 500 mensais, ele já planeja comprar algumas vacas e até um carro. Fernandes começou a trabalhar há uma semana como servente mas promete se esforçar para evoluir de cargo na obra.
O coordenador de segurança do trabalho, André Luiz Alves Pinheiro, disse que os indígenas têm muita vontade de aprender e se interessam por cumprir bem suas funções e crescer de cargo.
Diário catarinense (12/11)
CONFLITO

Índios denunciam preconceito
Xokleng deixaram escola por serem discriminados por filhos de colonos

MARILENE RODRIGUES
AGÊNCIA RBS/DOUTOR PEDRINHO
Segundo o gramático Aurélio Buarque de Holanda, discriminar significa distinguir, discernir, separar ou extremar. Na língua Xokleng, o termo "n~evin jógd~en" quer dizer não tratar bem as pessoas.
Os 56 adolescentes da Aldeia Bugio, na Reserva Duque de Caxias, em José Boiteux, vivenciaram essa situação e decidiram não freqüentar mais a Escola de Educação Básica Frei Lucínio Korte, em Doutor Pedrinho.
"Eles diziam que não éramos gente e não passávamos de índios sujos'', afirma Deolinda Juvei, 12 anos, que cursa a 6ª série do ensino fundamental. A direção regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Curitiba, vai instaurar uma comissão de sindicância e se ocorreu preconceito os envolvidos serão responsabilizados.
A decisão dos jovens de não sair mais da aldeia foi tomada no final de outubro. O protesto recebeu o apoio de lideranças indígenas e da direção da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), em Blumenau, além da 25ª Coordenadoria, de Ibirama. Representantes da Funai acompanharam as negociações. Os adolescentes percorriam diariamente 70 quilômetros da reserva a Doutor Pedrinho.
De acordo com a direção da escola, o desentendimento entre índios e filhos de colonos culminou com uma briga envolvendo quase todos os alunos, no pátio da escola, no dia 19 de setembro. Desde então, não foi mais possível manter a ordem, revelam professores.
O clima de discriminação aumentava a cada dia. "Os brancos nos chamavam de animais e tudo o que acontecia de ruim na escola diziam que era a gente que tinha feito'', conta Indianara Priprá, de 14 anos.
A coordenadora do Programa Educacional da Funai, Terezinha Velho dos Santos, afirma que a direção da escola prometeu entregar um relatório sobre os acontecimentos, e a Funai deverá tomar as medidas cabíveis

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.