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Índios terenas voltam a bloquear rodovia no sul do Mato Grosso

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Daniel Pettengill
05 de Jul de 2002

Pelo segundo dia consecutivo, a principal ligação entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul é interditada

Depois de uma ligeira "trégua", os índios terenas voltaram a bloquear por todo o dia de ontem os dois sentidos da BR-163, em Rondonópolis (218 quilômetros ao sul de Cuiabá), para pedir o assentamento das famílias em uma área de 8 mil hectares em Guiratinga.

Na noite de quarta-feira, os 300 indígenas que estão no local concordaram em liberar o tráfego, mas o acordo com a Polícia Rodoviária Federal durou apenas algumas horas. Por volta das 10h15 de ontem os membros da etnia retornaram à rodovia com pneus, pedaços de madeira e até um caminhão e montaram uma outra barreira no mesmo ponto, interrompendo o trânsito mais uma vez. Novamente formaram-se extensas filas de veículos pesados e de passeio nas margens da rodovia e nos postos de combustível localizados nos arredores de Rondonópolis. Até o fechamento dessa edição, por volta das 20 horas, o bloqueio permanecia.

"Vamos ficar aqui até a hora que alguém do Incra chegar com a notícia da compra definitiva da área. Estamos dispostos a permanecer o tempo necessário para isso", afirmou o cacique Milton Rondon, líder da etnia.

Rondon contou que não tinha conhecimento do resultado da reunião realizada entre Incra, Funai e Ministério da Justiça, anteontem em Brasília, que referendou a impossibilidade da compra da área em Guiratinga.

Na reunião, o Incra afirmou que a compra das propriedades seria impossível pois os Títulos de Dívida Agrária (TDAs) não poderiam ser utilizados para financiar o negócio, pois são reservados exclusivamente para a Reforma Agrária.

Hoje pela manhã está marcada para Cuiabá mais uma reunião "decisiva" entre os órgãos federais e locais ligados à questão, que deve contar ainda com a presença da consultoria jurídica do Ministério da Justiça e entidades protetoras dos Direitos Humanos. Para tentar resolver o impasse, que já perdura há pelo menos 5 anos, será feita uma nova proposta aos líderes da etnia, que podem ter que se contentar em morar em áreas no Norte do Estado. "Não vamos engolir essa história de mudança para outras terras", afirmou Rondon.

Segundo o cacique, os indígenas não estão dispostos a vir a Cuiabá para participar da reunião, pois a solução para o problema não depende deles.

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