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Índios seqüestram servidor do Ibama

Jornal do Tocantins-Palmas-TO
Autor: Débora Borges
05 de Ago de 2003

Representantes Javaé, na Ilha do Bananal, reivindicam demarcação de terra

O servidor do Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Gesolino Vieira Xavier está sendo mantido refém na Aldeia Boto Velho, da etnia Javaé, na Ilha do Bananal, desde o último domingo. A informação foi confirmada ontem à tarde pelo gerente regional do órgão no Tocantins, Natal Demori. Além do funcionário, os índios apreenderam dois carros Toyotas do Ibama. Eles reivindicam que se coloque em prática a portaria federal, publicada em 2002, que definiu nova demarcação da terra indígena no Parque Nacional do Araguaia (PNA), e ameaçam só liberar o servidor seqüestrado depois que conseguirem chegar a um acordo pela demarcação. O servidor passa bem, tendo bom relacionamento com os índios, segundo Demori

Segundo a diretora do PNA, Rosimeri Lodi, o impasse é antigo. O Parque foi criado em 1959, abrangendo toda a Ilha do Bananal, cerca de 2 milhões de hectares, para preservação ambiental. Em 1980, em função de demarcação de terra indígena, a reserva do parque passou a contar com 576 mil hectares, preservando a área de transição entre o cerrado e a região amaznica, incluindo 70 mil hectares da "Mata do Mamão". Em 2002, uma portaria determinou ser área índígena, ainda a ser demarcada, outros 376 mil hectares, reduzindo a reserva do PNA a 200 mil hectares. Segundo Rosemeri, outras duas aldeias, além da Boto Velho (com cerca de 90 índios), apóiam a manifestação pela demarcação: a Macaíba (com 376 índios) e a Thiodé (com 172). No total são 23 aldeias na Ilha.

Para negociar o impasse, os índios exigiram ontem, através de uma correspondência manuscrita, enviada por fax ao gerente regional do Ibama, a presença do próprio Demori na aldeia Boto Velho, junto a um representante federal da Fundação Nacional do Índio (Funai). Demori disse que não vai à aldeia, "por uma questão de segurança". Mas se dispôs a conversar com os índios na sede do órgão, em Lagoa da Confusão, se tiver garantida sua segurança pela Polícia Federal. Nas próximas 48 horas, deve ser marcado um encontro, ainda que na Capital, provavelmente no Ministério Público Federal (MPF), entre os titulares dos órgãos federais no Estado e os representantes indígenas.

Nomeação
Demori aguarda ainda para esta semana a nomeação do funcionário Marcos Vinícius na direção do Parque em substituição a Rosimeri Lodi. Desde o início de julho o nome do novo diretor está definido pois, segundo o gerente regional do Ibama, a diretora não prestava informações do que estava ocorrendo na reserva e não teria explicado, em relatório, os valores de notas fiscais gastos e remetidos ao Ibama em Palmas para pagamentos realizados por ela.

Já o MPF denuncia Rosimere por gastar indevidamente o dinheiro da compensação ambiental da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães, direcionado ao PNA, para projetos de melhoramento e abertura do ecoturismo no local, além de outros projetos para seu entorno. Segundo o MPF, um terço dos recursos, cerca de R$ 300 mil, foram gastos antes mesmo de serem colocados em prática os projetos. A diretora do PNA alega que o MPF estaria impedindo que ela coloque em prática os projetos com a suspensão judicial e que isso prejudica os índios. Ela acredita estar sendo afastada do cargo por "perseguição política".

Seqüestro
Índios da aldeia Boto Velho, Ilha do Bananal, mantém desde o último domingo à tarde o servidor do Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Gesolino Vieira Xavier, refém. Os indígenas querem que seja colocada em prática a portaria federal que definiu nova demarcação da terra indígena no Parque Nacional do Araguaia (PNA). Eles prometem não liberar o servidor antes de um acordo pela demarcação.

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