VOLTAR

Índios se recusam a receber Geddel

A Tarde
Autor: Adilson Fonsêca
14 de Jun de 2007

Os índios Truka e Tumbalalá recusaram o convite do Ministério da Integração Nacional para participar da recepção à comitiva do ministro Geddel Vieira Lima, que vai estar amanhã de manhã na cidade de Cabrobó, no Estado de Pernambuco, às margens do Rio São Francisco.

A recusa dos índios é uma forma de protesto contra as obras da transposição iniciadas este mês e que já conta com a presença do Exército nos eixos Norte (Cabrobó) e Leste ( Flore sta).

Irritados com o início das obras, os caciques das duas tribos optaram por não participar da solenidade de assinatura de convênios, que acontecerá no canteiro de obras da transposição, no Eixo Norte, localizado a 15 quilômetros da cidade pernambucana de Cabro bó.

"Não é com promessas de convênios para dar assistência aos índios que iremos mudar nossa posição e apoiar a transposição", avisou o cacique dos Tumbalalá, Cícero Mar inheiro.

O cacique da Tribo Truká, Aurivan dos Santos Barros, conhecido como Neguinho, também fez coro ao protesto e disse que os 4,2 mil índios que vivem na Ilha de Assunção, em Cabrobó, não vão estar na recepção ao ministro Geddel Vieira Lima. "Recebemos o convite do ministro, obtivemos a promessa de convênios para a nossa tribo, mas, mesmo assim, não iremos e mantemos posição contra a obra (da transposição)", disse.

COMITIVA - A comitiva do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, desembarca em Cabrobó amanhã por volta das 9 horas, vindo de Petrolina.

Geddel deve fazer o trajeto de avião até o município de Salgueiro, distante aproximadamente 80 quilômetros, e de lá seguir para o canteiro de obras do Eixo Norte da transposição, a 15 quilômetros de Cabrobó, de helicóptero. Além de visitar o local onde será feita a captação da água do Rio São Francisco, próximo à ilha dos índios Truká, o ministro vai assinar convênios beneficiando as duas tribos.

SEM ACORDO - Para o cacique dos Truká, o Neguinho, a ajuda do Ministério da Integração Nacional para os 4,2 mil índios será bem-vinda, mas em nada altera a posição da tribo contrária à transposição. Pelo convênio, serão oferecidos aos índios recursos para a construção de 183 casas populares, postos de saúde, um centro cultural e obras de saneamento.

O convênio será assinado no canteiro de obras onde estão os 50 soldados do 2o Batalhão de Engenharia de Construção do Exército, responsável pela primeira parte das obras da transposição. "Se não vamos fazer manifestação do tipo de ocupação do canteiro ou fechar a rodovia, também não vamos participar de qualquer festa. A aldeia sabe
que a transposição do Rio São Francisco é danosa ao nosso povo", disse o cacique Neguinho.

Para o cacique dos Tumbalalá, Cícero Marinheiro, as promessas de ajuda por parte do Ministério também não foram suficientes para sensibilizar os 4 mil índios que vivem em uma área de 57 mil hectares, entre os municípios de Curaçá e Abaré, no lado baiano do Rio São Francisco.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.