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Índios saem do norte de MG para cortar cana na região

Pastoral do Imigrante - www.pastoraldomigrante.com.br
Autor: Veridiana Ribeiro
31 de Ago de 2008

Em greve, 3 deles foram presos ontem após confronto com a PM em Pontal

Rosária Rodrigues da Silva, 25, e o marido dela, Júlio Marcos da Silva, 28, viviam até sete meses atrás em uma aldeia indígena no município de São João das Missões, no norte de Minas, divisa com a Bahia.

Pertencentes à tribo Xacriabá, eles se mudaram para Pontal depois que Silva conseguiu trabalho como cortador de cana-de-açúcar na usina Bela Vista. Embora eles estejam na região pela primeira vez, Silva estima que outros cem índios da mesma tribo também trabalham em Pontal como bóias-frias na região.

"O governo federal, o Lula, dá assistência lá, com cesta básica, mas só que para a gente viver, se no dia de amanhã precisarmos de algum dinheiro, de algum recurso melhor, não dá. Aqui até que enfim encontramos. Mas é um massacre", disse o bóia-fria indígena.

Ontem, depois de participar de uma manifestação de grevistas no centro de Pontal, Silva acabou preso acusado de invadir a sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais local. Junto com ele, também foram detidos outros dois índios da mesma tribo, José Alípio Guimarães, 32, e Sidnei Pereira das Neves, 22.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Funai (Fundação Nacional do Índio), mas ninguém havia comentado a prisão dos trabalhadores até as 19h de ontem. Os três trabalhadores foram os únicos detidos ontem, depois de um confronto entre trabalhadores rurais em greve e a Tropa de Choque da Polícia Militar. Outras seis pessoas ficaram feridas.
No segundo confronto em três dias _no sábado a Tropa de Choque conteve uma manifestação de trabalhadores da usina Albertina, no distrito de Cruz das Posses, em Sertãozinho, a PM aumentou o efetivo em Pontal e no distrito.

Em Pontal, todos os policiais da cidade foram destacados para acompanhar os cerca de 150 grevistas que ficaram na praça, após a saída de 60 ônibus com trabalhadores, escoltados. A PM enviou reforço da Tropa de Choque das cidades de Sertãozinho e Jaboticabal.

Ontem, em Cruz das Posses, 16 carros de polícia com 50 homens, metade deles da Tropa de Choque, observavam 40 grevistas _não houve o confronto. No sábado, a operação tinha cerca de 25 policiais, segundo o comandante da operação no local, capitão Luiz Fernandes da Costa. Os grevistas dizem que eram 40 policiais.

Nas duas cidades, a PM cumpria mandado judicial, por ordem da Justiça do Trabalho de Sertãozinho, para garantir a ida às lavouras de cana-de-açúcar dos trabalhadores rurais que não aderiram à greve.

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