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Índios retomam construção de cerca para isolar Pacaraima

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
24 de Jan de 2003

Os moradores de Pacaraima vão organizar um protesto hoje pela manhã

Os índios, com apoio de servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio) e agentes do Programa de Proteção e Fiscalização da Terra Indígena São Marcos, retomaram ontem à tarde a construção da cerca em Pacaraima, com o objetivo de evitar a expansão urbana da cidade.

Em dezembro, a tentativa de construir a cerca terminou em conflito porque os moradores do município não permitiram a obra, expulsando os índios, os servidores da Funai e agentes do Programa de Proteção. Os manifestantes ainda queimaram as estacas fincadas no local e agrediram um servidor da Funai.

Agora, respaldados por uma decisão judicial, os indígenas ligados à Associação dos Povos Indígenas de Roraima (Apirr) e ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) retomaram a construção da cerca, que terá 11 quilômetros de extensão. Eles alegam que o município foi criado dentro da reserva e, por isso, não podem permitir a expansão da cidade até que se resolva o impasse judicial, pois a criação de Pacaraima está sendo questionada na Justiça.

A agentes da Polícia Federal e policiais militares foram destacados para Pacaraima com a ordem de dar proteção ao pessoal que vai construir a cerca e evitar que conflitos se repitam com a retomada da obra, a qual vai isolar a cidade de Pacaraima, não permitindo o crescimento urbano dentro da reserva indígena de São Marcos.

A obra reiniciou em um local próximo à balança montada na divisa com a Venezuela para controlar tráfego de veículos na fronteira e o hotel Pacaraima, no perímetro urbano. Devem ficar dentro dos limites da cerca e fora do perímetro urbano alguns lotes e casas de moradores.

TRANQÜILIDADE - O delegado da Polícia Civil, Egídeo Faitão, informou por telefone no final da tarde de ontem que o clima era de normalidade. Em reunião na noite anterior, os moradores de Pacaraima decidiram que iriam respeitar a decisão judicial. "Eles decidiram que qualquer conflito só interessa à Funai e as Ongs [Organizações Não-Governamentais] que defendem a construção da cerca", disse.

Participaram da reunião lideranças comunitárias, presidentes de associações, vereadores e moradores. Eles decidiram organizar hoje pela manhã um protesto pacífico contra a decisão judicial que permitiu a construção da cerca. Segundo o delegado, os moradores não querem confusão, por isso não há preocupação da Polícia Civil com a possibilidade de haver conflito.

INFORMAÇÕES - As informações sobre o andamento da construção da cerca são poucas. Na Apirr ninguém foi localizado para falar sobre o assunto, pois no local da obra não há telefone. No CIR todos as lideranças estão no Rio Grande do Sul participando do Fórum Social.

Em contato por celular via satélite com o Programa de Proteção e Fiscalização da Terra Indígena São Marcos a agrônoma que se identificou por Marta disse que não podia dar qualquer informação para a imprensa.
Na Polícia Federal a Folha foi informada que em Pacaraima não há telefone para contato com os policiais federais e que o delegado destacado para acompanhar o fato ainda não havia retornado.

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