VOLTAR

Índios receberão doação de 57 mil kg de alimentos

O Povo-Fortaleza-CE
Autor: Érika Nunes)
17 de Dez de 2003

Quase 57 mil quilos de alimentos foram doados para comunidades indígenas no Ceará. A doação realizada pelo Ministério Extraordinário da Segurança Alimentar deve ser concretizada na próxima semana

Índios presentes na solenidade dançaram o Toré, na Fiec, em agradecimento às doações

Quinze comunidades indígenas cearenses deverão receber, na próxima semana, quase 57 mil quilos de alimentos. Ontem, representantes das tribos beneficiadas receberam, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), cheques que representam, simbolicamente, a doação. Cerca de 8.500 pessoas serão beneficiadas por 2.180 cestas básicas doadas pelo Ministério Extraordinário da Segurança Alimentar (Mesa), Serviço Social da Indústria (Sesi), em parceria com a Fiec, Secretaria da Ação Social do Estado (SAS) e Fundação Nacional do Índio (Funai), como parte do programa Natal Sem Fome.

A doação está sendo realizada pelo segundo ano consecutivo e deve entrar definitivamente na programação da Fiec, que vem desenvolvendo uma série de trabalhos de difusão da cultura e arte indígena. ''Não basta dar estas cestas, o mais importante é dar visibilidade à identidade indígena'', afirma Wânia Dummar, diretora do grupo de Responsabilidade Social da Fiec. Na primeira doação, foram beneficiadas apenas as quatro etnias reconhecidas no Ceará. São elas: Tapeba, Caucaia; Tremembé, em Almofala, Itarema e Acaraú; Pitaguary, em Maracanaú e Pacatuba; e Jenipapo-kanindé, em Aquiraz. Mas este ano o benefício foi concedido a todos os povos localizados no Estado, independentemente do reconhecimento oficial. ''Foi um grande avanço'', resume Wânia Dummar. Ao final da solenidade de entrega, os índios dançaram o ritual sagrado do Toré, em sinal de agradecimento às doações.

A entrega das cestas reflete uma preocupação do governo federal, através do Mesa, em atender às comunidades indígenas. ''Geralmente são atendidas as vítimas da seca, a população de rua, mas os índios não são lembrados. E eles vêm passando muitas necessidades'', diz o superintendente regional do Serviço Social da Indústria (Sesi) e representante do Conselho Estadual de Segurança Alimentar, Francisco das Chagas Magalhães. ''Não se trata de um favor, mas de uma obrigação, já que, de uma forma ou de outra, todos nós (brasileiros) temos sangue indígena'', afirma o presidente da Fiec, Jorge Parente.

Para o chefe de apoio do núcleo da Funai no Ceará, Antônio Dourado Tapeba, a iniciativa é válida não apenas para diminuir a fome entre os povos indígenas, mas também para chamar a atenção para o problema maior que origina a escassez de alimentos. Enquanto não há o reconhecimento oficial das etnias e a demarcação , os índios têm de tirar o sustento de pequenos roçados, insuficientes para atender a demanda . ''As terras continuam invadidas e a Justiça é lenta e omissa'', declara Dourado Tapeba.

Segundo o secretário da Ação Social do Estado, Raimundo Gomes de Matos, a questão está na lista de prioridades também do governo estadual, que em seu plano acrescentou o item de ''concretização da cearensidade''. Após uma viagem de Dourado Tapeba a Brasília para pedir novos reconhecimentos, um grupo de trabalho da Funai nacional veio ao Ceará estudar a questão dos reconhecimentos e demarcações no Estado. Alguns levantamentos preliminares foram feitos e até março deve ser divulgado relatório da situação

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.