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Indios querem terra prometida pelo governo e pressionam Aracruz

OESP, Economia, p.B2
Autor: RACY, Sonia
04 de Jun de 2005

Índios querem terra prometida pelo governo e pressionam Aracruz
Sonia Racy
Direto da fonte
Estresse entre os executivos e acionistas controladores da Aracruz. Apesar da liminar de reintegração de posse obtida pela empresa no dia 19 de maio, na Justiça do Espírito Santo, os índios tupiniquins e guaranis que invadiram propriedades da fabricante de papel e celulose continuam irredutíveis: só deixam a área depois que conseguirem a ampliação da reserva indígena local em cerca de 11 mil hectares, conforme prometido, segundo eles, pelo governo federal, em 1998. A empresa cansou de dizer que está aberta ao diálogo, e repete que comprou as terras em meados da década de 60 de proprietários que estavam no local há várias gerações. Não havia por ali, então, nenhuma comunidade indígena estabelecida e nenhuma disputa nem questões controversas em relação às áreas adquiridas.
A invasão está causando prejuízo à Aracruz que conta que a reserva foi criada em 79, pela Funai, com 6,4 mil hectares, e que, em 81, o governo pediu e a Aracruz deu 1.695 hectares para a reserva. Mesmo assim, conta a empresa, as pressões continuaram. E não se conseguiu evitar a primeira invasão das terras da Aracruz, em 98. À época, a reintegração de posse foi rápida e os índios saíram pacificamente. Firmou-se, então, um acordo (ratificado por 500 membros da comunidade e fiscalizado pelo Ministério Público) pelo qual a Aracruz se comprometeu a repassar aos índios R$ 13,5 milhões no prazo de 20 anos, valor que foi revisado em 2002.
Além disso, a empresa conta que iniciou em 99 uma relação comercial com as comunidades indígenas da região e vem desenvolvendo inúmeras ações voluntárias de apoio. No somatório total, a Aracruz contabiliza mais de R$ 23 milhões repassados, com a geração, adicional, de 306 empregos, numa comunidade de 2 mil pessoas. Por outro lado, diz a empresa, por maior que seja sua ação individual, ela não vai conseguir superar todos os problemas. E sugere uma maior articulação entre o setor público, ONGs e outros segmentos da sociedade, em um esforço conjunto do qual a Aracruz deve ser uma das participantes. E não o foco principal.

OESP, 04/06/2005, p. B2

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