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Índios querem mais autonomia Economia

Jornal do Commercio-Manaus-AM
Autor: Cândida Osóri
01 de Nov de 2003

As lideranças indígenas do Amazonas colocam de lado as divergências para buscar um modelo de sustentabilidade compatível com a política econômica globalizada do país e do mundo. De 200 projetos apresentados pela comunidade, os PDPI (Projetos de Desenvolvimento dos Povos Indígenas) aprovaram até agora 31.

Os interesses em comum estão sendo discutidos pelos representantes de várias etnias do Estado, Fepi (Fundação Estadual de Política Indigenista do Estado) e Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) na 1ª Conferência dos Povos Indígenas do Amazonas que se encerra neste sábado, no auditório da UEA (Universidade do Estado do Amazonas).

Na seqüência, as lideranças indígenas participarão da Conferência Estadual do Meio Ambiente, de 3 a 5 de novembro e do 1o Fórum Permanente dos Povos Indígenas da Amazônia Legal, que acontecerá em Manaus de 3 a 6 deste mês. "O índio se auto-sustentou nesses 500 anos de história, mas do ponto de vista capitalista não conseguiu acompanhar o processo", destacou Bonifácio José, coordenador da Fepi.

O projeto 'Guaraná', por exemplo, é um dos modelos de desenvolvimento sustentável. Em parceria com o CGTSM (Conselho Geral da Tribo Sateré-Maué), é financiado pela renda coletiva da venda de guaraná.

Parceria bilateral

Mesmo gerando recursos para a comunidade, somente o projeto não é suficiente, porque a exploração da terra e do conhecimento indígena foi muito grande, segundo Jecynaldo Saterê-Maué, coordenador da Coiab. "É fundamental dar passos mais largos na questão da sustentabilidade", destacou.

A parceria bilateral entre Brasil e os países do PPG7, (Programa Piloto de Proteção às Florestas Tropicais do Brasil) articulada pela Coiab, está desenvolvendo ações voltadas para as políticas públicas adequadas à realidade dos povos da região.

Para Jecy-naldo, mais que demarcar terras, o governo precisa prover um modelo de sustentabilidade para a manutenção do povo indígena.

No 1o Fórum Permanente dos Povos Indígenas da Amazônia Legal, que acontecerá de 3 a 6 de novembro em Manaus, as lideranças indígenas irão analisar as atuais políticas públicas e definir propostas que serão encaminhadas ao governo federal.

O fórum vai encerrar com o lançamento de uma campanha global em defesa dos direitos indígenas. Serão divulgadas as situações junto às bases do movimento indígena no país.

"Queremos sensibilizar a sociedade brasileira e internacional e pressionar o governo a mostrar uma política clara e eficaz, que atenda as demandas indígenas", disse Paulino Montejo, assessor de comunicação da Coiab. "A percepção do movimento indígena é que o governo federal não está dando sinais de qual política será adotada em relação aos índios. Há um descaso marginalizando a questão indígena", comentou Paulino.

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