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Índios querem liberdade

Diário da Amazônia-Porto Velho-RO
12 de Jun de 2002

Índios da etnia Surui, liderados por 4 caciques, continuam aguardando na Fundação Nacional do Índio (Funai), em Cacoal, a liberdade dos índios José Naraicola e Júnior Surui, autuados em flagrante, pela Polícia Federal, no último final de semana, acusados de exploração ilegal de madeira na Aldeia 7 de Setembro. O advogado Antônio Júlio Ribeiro informou que a decisão judicial, autorizando ou não a liberação dos dois indígenas, deve sair ainda hoje. Os índios Surui querem saber quais são as propostas do governo para contrapor as atividades consideradas ilícitas, das quais hoje são dependentes para adquirir os bens industrializados, necessidades impostas pelo contato com a sociedade branca. Os Surui querem discutir também com o presidente da Funai os limites de suas terras (Aldeia 7 de Setembro), uma vez que o espaço pertencente a reserva não estaria bem sinalizado, o que estaria permitindo a invasão de suas terras. Querem também, agilidade no processo de demarcação da área Tucum, o que, segundo os caciques, já é de conhecimento da Fundação Nacional do Índio, em Brasília. A prisão dos dois indígenas foi levada ao conhecimento do presidente da Funai, Glênio Costa Alvarez, pela Organização Metarelá do Povo Indígena Surui, na quarta-feira. Eles continuam presos em Pimenta Bueno, sob a custódia da Polícia Civil. No documento enviado a Brasília, os caciques cobram a presença de Glênio Costa, acompanhado da Procuradoria da Funai, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, em Cacoal, para discutir a prisão de índios nas terras por eles habitadas, além de outros problemas que estariam afetando às comunidades indígenas. O advogado dos Suruí, Antônio Júlio Ribeiro, disse não concordar com a prisão dos dois índios. Ele entende que a polícia precisa de mandado judicial para entrar em terra indígena. Sobre a exploração dos recursos naturais, por parte das comunidades indígenas, o advogado cita o artigo 231, da Constituição Federal, parágrafo 2o: "As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes". Júlio Ribeiro defende a implantação de um plano de manejo florestal na região e discorda da maneira como os índios vem sendo tratados pelos órgãos repressores.

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