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Índios queimam ponte em protesto contra assassinato no Maranhão

O Globo, O PaÍs, p. 14
25 de Mai de 2005

Índios queimam ponte em protesto contra assassinato no Maranhão

Raimundo Garrone
Especial para O Globo

Indignados com o assassinato a tiros do índio João Araújo Guajajara, de 62 anos, no sábado, cerca de 70 índios guajajaras armados queimaram uma ponte sobre o Rio Mearim, isolando o povoado de Nazaré, no município de Grajaú, no Maranhão, onde moram os suspeitos, o fazendeiro Milton Alves da Rocha e seus filhos Gilson Silva Rocha e Wilton Rocha. Na ação, os índios queimaram mil sacas de arroz, saquearam fazendas e roubaram uma caminhonete e um trator.
O clima na região é tenso. O delegado Michel Sampaio mantém contato com caciques para tentar controlar a situação e convencer os índios a retornarem a suas aldeias. "Alguns já retornaram, mas vamos esperar que todos retornem para a aldeia, para depois apurar as responsabilidades", afirmou Sampaio.
O delegado afirmou que não pôde evitar a reação dos índios porque a ponte derrubada impediu a passagem dos policiais. Ele disse que preferiu agir com diplomacia para evitar um conflito armado: "Quando a polícia chegou perto, alguns guajajaras estavam armados de espingardas do outro lado do rio".

Fazendeiro foi preso em flagrante no domingo
O fazendeiro foi preso em flagrante no domingo e transferido para uma cidade vizinha, já que os índios ameaçavam invadir a delegacia de Grajaú para linchá-lo. Segundo o delegado, o assassinato de João Guajajara foi motivado por conflitos de terra na região e pela falta de limites entre as reservas e as fazendas. Os dois filhos do fazendeiro continuam foragidos.
Na polícia, Milton negou a autoria do crime e acusou colegas dos filhos. Disse que eles estavam à beira do Rio Mearim, quando o índio passou e resolveram disparar contra ele. O fazendeiro afirmou que há tempos briga com os guajajaras da reserva Bacurizinho.
O clima tenso na região levou o prefeito de Grajaú, Mercial Arruda (PFL), a pedir reforço policial. Ele teme um derramamento de sangue, já que, somente este ano, diversos conflitos foram registrados entre brancos e índios.
Além dos problemas de terra, os guajajaras estão indignados com a situação do atendimento de saúde. Em janeiro, os índios seqüestraram o coordenador da Funasa e seis funcionários para exigir mais atenção de saúde. O mesmo aconteceu no início do mês de maio, com o secretário de Saúde do município de Arame, Wellington Diniz.

O Globo, 25/05/2005, O PaÍs, p. 14

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