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Índios protestam contra plano da Colômbia de combate às drogas

Gazeta de Acre-Rio Branco-AC
Autor: Neide Santos
30 de Jan de 2002

Lideranças dos povos indígenas no Estado estão sendo informadas sobre a postura que deve ser tomada frente ao chamado Plano Colômbia - programa de combate ao cultivo e tráfico de drogas, elaborado pelo governo colombiano para ser implementado nos Estados amazônicos - que na avaliação dos indigenistas interfere de maneira negativa nos territórios indígenas com alterações sob todos os aspectos, portanto não devem ser firmadas alianças que comprometam a autonomia dos povos.

Essa foi a principal decisão tomada durante o VI Congresso realizado pela coordenadoria das Organizações Indígenas da Amazônia (Coica), ocorrido em Quito/Equador, no período de 19 a 20 deste mês. Ontem pela manhã, o Coordenador geral da Coica, o índio acreano Sebastião Manchineri, informou os representantes da União das Nações Indígenas no Acre (UNI) sobre as principais decisões tomadas durante o encontro e divulgou essas questões numa coletiva para a imprensa.

Questão referente à invasão em terras indígenas, promovida por madeireiros, caçadores e garimpeiros que promovem contaminação através da mineração é outro assunto preocupante entre lideranças indígenas, principalmente porque nos casos de índios isolados os prejuízos são mais desastrosos, pois contatos dessa natureza trazem atentados aos direitos humanos, podendo comprometer a continuidade das etnias.

No Acre, conforme esclareceu Sabá Manchineri, as áreas ocupadas por índios isolados localizam-se na região da fronteira entre Assis Brasil com o Peru e a Bolívia, de onde já vieram inúmeras informações sobre a ação invasora promovida para fins de comercialização de madeira, de animais silvestres e diversos tipos de violações criminosas.

"Nossa posição frente ao governo brasileiro é pela exigência de um plano de proteção que de fato funcione para resguardar os direitos de nossos povos", defendeu Sabá Manchineri.

Em plena era da Globalização, indigenistas defendem as ações por parte dos governos para assegurar que índios isolados continuem nessa condição, partindo do princípio que somente dessa forma é possível assegurar que continuarão sendo povos protegidos do sistema mercantilista que cria a dependência entre ricos e pobres, que comprovadamente se deu de maneira negativa entre as etnias.

"Defendemos a continuidade do sistema social como forma de preservarmos nossas origens e identidades", analisou Sabá.

O Plano Colômbia

A Coica considera o Plano Colômbia como um tema que afeta os povos e organizações indígenas por trazer graves efeitos no que se refere aos direitos humanos da população amazônica, contaminação do meio ambiente e a eliminação da biodiversidade. Portanto, interfere diretamente nos aspectos ambientais, sociais, culturais e principalmente por interferir na violação dos direitos dos povos, atentado contra a soberania de países amazônicos.
As resoluções

Posicionamento contrário a institucionalização de alianças que forem criadas como espaço de intercâmbio entre as organizações indígenas e outros segmentos comprometidos com a questão indígena
Demandar aos Estados nacionais o reconhecimento aos direitos constitucionais e que eles não retrocedam.
Os indígenas devem fazer parte de todas as decisões em processos que os afetam
Os Estados Nacionais devem ratificar e executarem instrumentos internacionais referente a defesa dos direitos indígenas
Execução de demarcação e definição das áreas e de estratégias de vigilância e controle dos territórios indígenas, conforme definição dos povos
Retirada de quaisquer invasores que se encontrem dentro desses territórios
Estados Nacionais devem estabelecer políticas, estratégias e medidas legislativas para a proteção aos povos voluntariamente isolados
Elaboração de programas para os povos que se encontrem em perigo de extinção

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