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Índios prometem resistir contra retirada de gado

Jornal do Tocantins-Palmas-TO
Autor: Wherbert Araújo
15 de Set de 2005

Ilha do Bananal - Hoje começa monitoramento para averigüar a existência
de animais na parte norte da região

Começam a partir de hoje os trabalhos de monitoramento na Ilha do Bananal para observar se existem bovinos na região Norte da ilha. A ação será realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que posteriormente estará autuando os pecuaristas, aplicando multas de R$ 500 ao dia por cabeça de gado que permanecer na Ilha. A medida é embasada na decisão judicial que obrigou o órgão a retirar os bovinos do local. O presidente da Associação Natureza Viva da Ilha do Bananal, Paulinho Javaé, disse que não é contra a transferência dos bovinos, desde que seja feita a retirada total dos rebanhos da ilha, não apenas os da região Norte. Ele também afirmou que se acontecer a retirada dos rebanhos, cerca de 2,5 mil índios também estarão preparados para resistir.

As notificações aconteceram desde o mês de julho, quando um oficial de justiça entregou uma ordem da retirada dos bovinos. Durante esse tempo, a Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Adapec), alegando precisar de mais tempo para a vacinação do gado na ilha, pediu uma prorrogação do prazo para o dia 15 de setembro.

Segundo os representantes das etnias Karajá e Javaé, beneficiadas com o pagamento de R$ 2,00 por cabeça de gado, dezenas de famílias serão prejudicadas, uma vez que parte do sustento dos índígenas é oriundo do aluguel de retiros onde o gado permanece durante o período da seca. Para Paulinho Javaé, a medida afetará as famílias, uma vez que elas já não possuem outra forma de subsistência. "Já fomos proibidos de comercializar os pescados. Essa é uma maneira de sustento de nosso povo", ressaltou. Paulinho afirmou também que a decisão do Ibama foi intransigente, não oferecendo nenhuma possibilidade de diálogo. De acordo com o gerente executivo do Ibama no Tocantins, Natal Demori, órgão já havia discutido com os índios sobre a ação. "Chamamos os índios apenas para informar da decisão, embora já sabíamos que eles já tinham conhecimento da ordem judicial. Nossa intenção era fazer um diálogo para que eles colaborassem, inclusive, pois entendemos que isso é um prejuízo ambiental muito grande, inclusive pra eles", ressaltou.

Segundo o procurador da República, Álvaro Lotufo Manzano, através de nota pela assessoria de imprensa do Ministério Público Federal (MPF), o órgão tem procurado intermediar os conflitos relativos à retirada do gado na Ilha do Bananal, por entender que situações como estas devem ser discutidas administrativamente e negociadas. O procurador defende o cumprimento da liminar, mas acha que ainda é possível buscar um consenso para evitar o conflito social. O procurador lembrou ainda que embora o arrendamento da área para criação de gado seja uma importante fonte de renda, ele entende que é preciso buscar uma alternativa sustentável, que cause o mínimo dano ambiental.

Serviço

O que: Início da fiscalização dos rebanhos bovinos que permanecem na Ilha do Bananal
Quando: A partir de hoje
Responsável: Ibama, por meio da decisão judicial favorável para a ação.Pena: Autuação dos fazendeiros que insistirem em deixar os rebanhos na ilha, além de aplicação de multa diária de R$ 500 por cabeça de gado que permanecer no local.

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